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segunda-feira, 2 dezembro, 2024

Quase 50% dos casos de assédio na saúde envolvem médicos

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Um estudo inédito, conduzido pela plataforma Medscape, especializada em fornecer informações e ferramentas para profissionais de saúde, trouxe à tona dados sobre a prevalência de assédio, abuso e má conduta sexual no setor da saúde no Brasil. A pesquisa revelou que 46% dos casos de assédio relatados pelos participantes tiveram médicos como os principais responsáveis.

A pesquisa, realizada entre 11 de junho e 7 de setembro de 2024, envolveu 885 participantes, incluindo médicos, residentes, enfermeiros e estudantes de medicina, todos assinantes da versão em português do Medscape. Entre os respondentes, 57% eram homens e 43% eram mulheres.

O levantamento revelou que o assédio ocorre com maior frequência em contextos hierárquicos, com 46% das vítimas sendo assediadas por superiores, 37% por colegas de mesmo nível e 17% por subordinados.

Um dos participantes do estudo relatou uma experiência de assédio durante um estágio de Pediatria no setor de urgência. “O preceptor médico me chamou para acompanhá-lo na evolução dos pacientes na enfermaria. No meio do caminho, começou a me fazer perguntas pessoais, como se eu morava sozinho, onde, e se eu namorava. Ele ainda insinuou que eu devia aprontar bastante por morar sozinho na cidade. Fiquei constrangido e tentei mudar de assunto”, contou.

O estudo também revelou que o assédio ocorre por parte dos pacientes. Cerca de 15% dos profissionais enfrentaram situações de sexualização explícita, como convites para sair, comentários inadequados e gestos impróprios. Além disso, 8% relataram abordagens diretas que ultrapassaram os limites profissionais.

O levantamento também revelou que muitos profissionais alteraram suas rotinas de trabalho para evitar o contato com os agressores. De acordo com a pesquisa, 37% dos entrevistados mudaram seus hábitos por medo ou desconforto, evitando trabalhar com determinados colegas sempre que possível. Além disso, 22% disseram ter começado a enfrentar dificuldades de concentração e 14% consideraram pedir demissão. Por outro lado, 34% afirmaram que o assédio não impactou diretamente seu comportamento.

Outro dado relevante da pesquisa mostrou que, embora houvesse mudanças na rotina, a maioria das vítimas não denunciou os agressores, temendo retaliações no ambiente de trabalho. “78% das pessoas que responderam ao nosso questionário on-line não denunciaram o agressor, sendo que 54% acreditam que nenhuma providência seria tomada”, explicou Leoleli Schwartz, editora sênior do Medscape em português.

Como identificar um comportamento de assédio:

  • Mensagens de texto e/ou e-mails indesejados;
  • Comentários sobre partes do corpo/características físicas;
  • Propostas de cunho sexual;
  • Convites insistentes para encontros;
  • Oferta de promoção/vantagens profissionais em troca de favores sexuais;
  • Ameaças de sanções por recusa a oferecer favores sexuais;
  • Invasão deliberada do espaço pessoal ou da intimidade;
  • Toques, abraços ou contato físico indesejado;
  • Carícias explícitas;
  • Ser agarrado(a);
  • Ser estuprado(a).
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