Estudantes pretos, pardos e indígenas enfrentam mais dificuldades de acesso a escolas com infraestrutura básica (como água, energia, coleta de lixo e saneamento) em comparação aos estudantes brancos, aponta a pesquisa “O Círculo Vicioso da Desigualdade Racial na Educação do Brasil”, elaborada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
A desigualdade se agrava ainda mais quando se considera o local onde os estudantes estão matriculados. Em escolas urbanas, a maioria dos alunos conta com infraestrutura básica. No entanto, conforme ilustrado no gráfico abaixo, nos quilombos, 75% dos estudantes brancos têm acesso a essas condições mínimas, enquanto o índice é de 52% para os alunos pretos, 50% para os estudantes pardos e 69% para os indígenas.
É importante destacar que a distribuição dos estudantes também varia conforme o grupo racial e o território. Por exemplo, 92,3% dos alunos em territórios indígenas são indígenas, enquanto 86,7% dos estudantes em quilombos são pretos ou pardos.
O estudo também revela que estudantes pretos, pardos e indígenas têm menos acesso a escolas com banheiro, internet, infraestrutura para pessoas com deficiência e equipamentos administrativos.
O relatório do BID aponta que essas desigualdades resultam em um desempenho inferior dos estudantes pretos, pardos e indígenas, que frequentemente concluem a educação básica com notas mais baixas, maiores taxas de distorção idade-série e índices elevados de evasão escolar. Outros desafios, como a pressão para ingressar no mercado de trabalho e a gravidez na adolescência, contribuem para o abandono escolar entre os jovens de baixa renda, majoritariamente negros.
Parte da solução
Enquanto o estudo destacou os desafios enfrentados pela população negra e indígena na educação, também apontou que aumentar a diversidade entre os professores nas escolas é fundamental para reduzir as desigualdades de desempenho e oportunidades. Isso ocorre porque alunos que aprendem com professores que compartilham características semelhantes, como cor de pele e origem social, tendem a apresentar um melhor desempenho.
No entanto, essa realidade é distante da situação observada no Brasil, onde, em geral, professores pretos, pardos e indígenas têm contratos menos estáveis, atuam em escolas com infraestrutura precária e, como resultado, seus alunos apresentam um desempenho inferior nas avaliações. Isso contribui para a perpetuação de um ciclo vicioso de desigualdade racial na educação.
Para reverter esse cenário, o relatório sugere a implementação de políticas como:
- Atrair os melhores estudantes para as carreiras na educação;
- Oferecer uma formação rigorosa para os professores;
- Designar os melhores docentes para as escolas mais desfavorecidas;
- Implementar programas de integração, apoio contínuo e sistemas de progressão na carreira docente.