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segunda-feira, 14 outubro, 2024

Retinoblastoma: falta de exames na 1ª infância pode cegar

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Todo ano é celebrado em 18 de setembro, o Dia Nacional de Conscientização e Incentivo ao Diagnóstico Precoce do Retinoblastoma com a campanha “De Olho nos Olhinhos”. A iniciativa este anos chega a todos os estados do Brasil Conta com o apoio médico e científico das mais importantes entidades médicas do País, incluindo neste ano, o Instituto Penido Burnier com a vinda da iniciativa para Campinas no sábado (21) das 10 às 22 horas no Parque Dom Pedro Shopping.
De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiros Neto, diretor executivo do Instituto Penido Burnier, um relatório de pesquisadores do Inca (Instituto Nacional do Câncer) publicado na revista científica, International Journal of Cancer mostra que a incidência de retinoblastoma no Brasil é o dobro da registrada nos Estados Unidos e Europa.
Enquanto algumas cidades brasileiras registram entre 21,5 e 27 casos da condição por milhão, nos Estados Unidos e Europa a prevalência varia entre 10 e 12 casos por milhão. Para Queiroz Neto isso acontece porque uma grande parcela das nossas crianças não tem acompanhamento oftalmológico nos primeiros anos de vida .

Diagnóstico e acompanhamento
Queiroz Neto explica que o retinoblastoma é uma doença congênita. Pode ser diagnosticado logo que o bebê nasce pelo “teste do olhinho”, obrigatório em todo País há alguns anos. O exame é feito com um oftalmoscópio, equipamento que emite uma fonte de luz no olho do bebê. Quando a pupila responde com um reflexo vermelho contínuo indica saúde. Se o reflexo for descontínuo ou esbranquiçado sinaliza presença de retinoblastoma, catarata ou glaucoma congênito. Nas três condições, quanto antes forem detectadas e tratadas, melhor é o prognóstico.
O oftalmologista ressalta que as condições da saúde ocular infantil no Brasil já foram muito piores do que hoje, quando em apenas 10 estados brasileiros o “teste do olhinho” era obrigatório nas maternidades. O problema é que embora a obrigatoriedade do exame hoje seja nacional, a situação continua grave. Isso porque, a maioria dos pais só leva a criança ao oftalmologista quando atinge a idade escolar.
O problema é que o retinoblastoma, catarata e o glaucoma congênitos podem ficar adormecidos no olho e se desenvolver nos primeiros anos de vida. Por isso, a recomendação do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia) do qual o médico faz parte, é de que o “teste do olhinho” seja repetido três vezes ao anos até a idade de três anos. Neste período, ressalta, deve passar pelo primeiro exame oftalmológico completo quando atinge 1 ano de idade ou antes quando surge alguma alteração no “teste do olhinho”.

Sinais e sintomas
Queiroz Neto afirma que o principal sintoma do retinoblastoma é a leucocoria, também conhecida como olho de gato, um reflexo branco na pupila. A alteração é percebida sob luz artificial e em fotos tiradas com flash. Nas duas situações os olhos saudáveis emitem um reflexo vermelho como acontece no teste do olhinho. Outros sintomas do retinoblastoma são: estrabismo (olho torto), glaucoma, vermelhidão e baixa visão.
Na maioria das crianças o retinoblastoma é monocular. A dificuldade de enxergar com o olho afetado pode induzir ao estrabismo ou olho torto. Outros sintomas da condição são a perda de campo visual decorrente do glaucoma, conjuntivite recorrente e fotofobia.

Causas
Poucas são as crianças que tem casos na família. Apenas 1 em cada 10. Portanto, a falta de casos na família não indica ausência de risco.
O oftalmologista explica que a origem mais frequente do retinoblastoma é uma mutação no gene RB1 que tem a função de suprimir o surgimento de tumores. A mutação neste gene libera a divisão celular desenfreada que desencadeia o câncer no olho, pontua. “Mas há também casos de mutação em células da retina que predispõe à doença ainda que não haja casos na família.
Queiroz Neto alerta que poucas crianças seguem o protocolo preconizado pelo CBO. “Já operei um menino com catarata congênita, doença responsável por 40% da perda de visão na primeira infância, que tinha passado pelo “teste do olhinho” na maternidade, mas ficou anos sem um único exame nos olhos durante anos. Isso é mais frequente do se possa imaginar. Pode acontecer também com o retinoblastoma. A maioria dos diagnósticos de câncer no olho ocorre até 18 meses e metade das crianças acometidas ficam cegas porque não tem acompanhamento oftalmológico salienta. Repetir o “teste do olhinho” 3 vezes ao ano até a idade de 3 anos, e submeter a criança com 1 ano a uma consulta oftalmológica completa faz a chance de cura chegar a 90% e preserva a vida da maioria das crianças”, ressalta. O diagnóstico tardio pode cegar e até levar à morte por uma metástase do câncer no cérebro. Por isso, se você tem uma criança com menos de 5 anos em casa deve marcar a consulta dela com frequência

Tratamentos
O oftalmologista afirma que o tratamento geralmente requer uma equipe multidisciplinar e pode ser feito por diferentes técnicas. Uma delas é a terapia focal via destruição térmica, congelamento, laser e ou braquiterapia. Outra é com quimioterapia sistêmica, intravítrea ou intra-arterial e nos casos muito avançados por enucleação, cirurgia que retira o globo ocular para preservar a vida do bebê. Hoje, uma das técnicas mais utilizada é a quimioterapia intra-arterial. Consiste em injetar na artéria da retina o medicamento, diminuindo desta forma os efeitos colaterais sistêmicos que podem ter reflexos na saúde por toda vida. Em 70% dos casos salva a vida e a visão, conclui.

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