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segunda-feira, 14 outubro, 2024

Estudo revela eficácia de antidepressivo no tratamento de tumor cerebral

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Cientistas identificaram que o antidepressivo vortioxetina pode ser uma opção promissora no combate ao glioblastoma, um tipo de tumor cerebral agressivo e sem cura até o momento. A descoberta foi apresentada em um estudo divulgado na última sexta-feira (20) na prestigiada revista científica Nature Medicine.

A vortioxetina já recebeu aprovação para o tratamento da depressão por agências reguladoras como a Food and Drug Administration (FDA), dos Estados Unidos, e a Swissmedic, da Suíça. De acordo com os pesquisadores, o medicamento tem a capacidade de atravessar a barreira hematoencefálica e atingir o cérebro, possibilitando a eliminação do tumor, uma característica que muitos outros medicamentos contra o câncer não conseguem alcançar.

No estudo recente, a equipe de pesquisadores foi liderada pelo professor Berend Snijder, da ETH Zurich, uma renomada universidade em Zurique, Suíça. Utilizando uma plataforma de triagem especial chamada farmacoscopia, desenvolvida pela instituição ao longo dos últimos anos, os cientistas descobriram o potencial da vortioxetina no combate ao glioblastoma.

A farmacoscopia permite testar simultaneamente centenas de substâncias ativas em células vivas de tecido cancerígeno humano. Neste estudo, os pesquisadores concentraram seus esforços em substâncias neuroativas capazes de atravessar a barreira hematoencefálica, como antidepressivos, medicamentos para Parkinson e antipsicóticos.

Ao todo, a equipe testou cerca de 130 substâncias em tecidos tumorais de 40 pacientes que haviam passado recentemente por cirurgias no Hospital Universitário de Zurique. O tecido foi processado em laboratório e examinado na plataforma de farmacoscopia. Por meio de técnicas de imagem avançadas e análise computacional, os cientistas identificaram quais substâncias apresentavam efeito sobre as células cancerígenas.

De acordo com o estudo, vários antidepressivos testados mostraram-se eficazes contra as células tumorais, especialmente quando provocaram uma cascata de sinalização que inibe a divisão celular. Dentre eles, a vortioxetina destacou-se como a mais eficaz no combate ao tumor.

Subsequente a esses resultados, os pesquisadores testaram o antidepressivo em camundongos com glioblastoma, onde ele também demonstrou uma boa eficácia, especialmente quando comparado ao tratamento padrão atualmente utilizado.

O próximo passo da equipe é conduzir dois ensaios clínicos: um deles envolverá pacientes com glioblastoma que serão tratados com vortioxetina em conjunto com o tratamento padrão (cirurgia, quimioterapia e radioterapia); o outro incluirá pacientes que receberão uma seleção personalizada de medicamentos, escolhidos individualmente pelos pesquisadores com base na plataforma de farmacoscopia.

Preço baixo para tratamento do tumor cerebral

Os pesquisadores afirmam que a vortioxetina apresenta a vantagem de ser segura e econômica. “Como o medicamento já foi aprovado, não será necessário um processo complexo de aprovação, o que permite que ele possa, em breve, complementar a terapia padrão para esse tumor cerebral agressivo”, declara Michael Weller, professor do Hospital Universitário de Zurique, diretor do Departamento de Neurologia e coautor do estudo, em comunicado à imprensa.

Weller expressa a esperança de que oncologistas possam utilizar o antidepressivo em breve, mas alerta os pacientes a não se automedicarem. “Ainda não sabemos se o medicamento é eficaz em humanos e qual seria a dose necessária para combater o tumor, por isso os ensaios clínicos são essenciais. A automedicação representaria um risco incalculável”, adverte. “Até o momento, sua eficácia foi comprovada apenas em culturas celulares e em camundongos.”

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