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segunda-feira, 9 setembro, 2024

Esforços conjuntos visam restaurar e preservar o Morro da Baleia em Jundiaí

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Após o incêndio que devastou o Morro da Baleia em abril deste ano, moradores, ciclistas e ativistas se uniram em um esforço coletivo de reflorestamento e proteção. Localizado em Jundiaí e parte da Serra do Japi, o morro é um importante ponto turístico, mas também uma vítima frequente de queimadas.

O incêndio de 26 de abril impulsionou um movimento de preservação liderado pela comunidade local, preocupada com a falta de atenção dos órgãos públicos. Letícia Maria Pereira, ativista ambiental do Coletivo Japy, destacou a necessidade de ações imediatas para proteger essa área frequentemente negligenciada da serra.

“Meus pais sempre contam histórias de piqueniques e caminhadas no Morro da Baleia, quando a mata era mais preservada e a diversidade de espécies era maior. Hoje, avistamos poucos animais, como tatus, cachorros-do-mato e algumas aves,” relata um morador local.

O incêndio de abril marcou um ponto de virada para a comunidade, que se uniu para conter as chamas e proteger o Morro da Baleia. No dia seguinte, o Coletivo Japy, com o apoio de um brigadista voluntário da Defesa Civil de Várzea Paulista, realizou o rescaldo da área. Desde então, o grupo vem monitorando os danos e desenvolvendo um projeto de recuperação ambiental.

Em resposta ao ocorrido, a Promotoria de Justiça de Jundiaí abriu uma investigação para avaliar as políticas públicas de prevenção e combate a incêndios na região. A prefeitura, a Polícia Ambiental e o Corpo de Bombeiros têm 20 dias para apresentar suas respostas.

Plantio de nativas

Desde abril, o Coletivo Japy plantou aproximadamente 100 mudas de árvores nativas no Morro da Baleia. O projeto não tem uma meta de plantio específica, pois sua continuidade depende de doações. “Nosso verdadeiro objetivo é incentivar a comunidade a cuidar do local e evitar futuras queimadas”, explica Letícia.

Além de restaurar o equilíbrio ambiental, o reflorestamento também contribui para a segurança hídrica da região. “O Morro da Baleia é uma área fundamental para a recarga hídrica da Bacia do Rio Guapeva”, ressalta Letícia.

Colaboração de ciclistas e comunidade

O Coletivo Japy se aliou a moradores e ciclistas que utilizam o Morro da Baleia para a prática de esportes. Entre eles está Dagoberto de Melo, que mora em frente ao morro desde a infância e testemunhou inúmeras vezes os incêndios que atingiram a área. Para ajudar a reduzir essas ocorrências, Dagoberto mobilizou o projeto “Gerando Bikers” com o objetivo de restaurar a “trilha do Magayver”, um percurso que ciclistas utilizam há duas décadas.

Além de manter as trilhas, o grupo decidiu criar aceiros—faixas de terra sem vegetação que funcionam como barreiras naturais contra o avanço das chamas. “Os aceiros ajudam a conter o avanço dos focos de incêndio, funcionando como barreiras para que o fogo não se alastre”, explica Dagoberto. Letícia complementa, destacando que essas medidas protegem a vegetação, cercas, redes elétricas e até residências próximas.

Letícia também critica a falta de atuação eficaz dos órgãos públicos, que poderiam reduzir os incêndios com maior fiscalização e penalização dos responsáveis. Ela ressalta a necessidade de autuar empresas e pessoas que não realizam a manutenção preventiva de suas propriedades.

De acordo com a prefeitura, o Morro da Baleia está situado na Zona de Conservação Ambiental da Malota, dentro do Território de Gestão da Serra do Japi. A área é fiscalizada pela Divisão Florestal da Guarda Municipal e pelo Departamento de Meio Ambiente, que atuam contra queimadas, descarte irregular de lixo, caça e ocupações irregulares.

Visão para o futuro

Dagoberto destaca que o movimento, iniciado de forma tímida, ganhou força e hoje visa não apenas proteger o morro, mas também transformá-lo em um espaço educativo. “Podemos montar uma ação educativa sobre a fauna e flora do morro. Ali pode ser a primeira entrada para a Serra do Japi”, sugere o ciclista.

Para Letícia, o objetivo é transformar o Morro da Baleia em um centro de educação ambiental e ecoturismo consciente, destacando a importância da preservação contínua do meio ambiente.

Características

Com cerca de 348 hectares, o Morro da Baleia abriga fragmentos de Mata Atlântica, eucaliptos e gramíneas exóticas, além de um solo litólico, caracterizado por sua superficialidade e pouco desenvolvimento. O nome do morro vem de uma pedra com rachaduras que lembram a forma de uma baleia de boca aberta, o que inspirou sua denominação.

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