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sábado, 7 setembro, 2024

Covid-19 pode ter efeitos neurológicos comparáveis à esquizofrenia

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Um novo estudo publicado na revista European Archives of Psychiatry and Clinical Neurosciences nesta sexta-feira (19) revela que o vírus da Covid-19 pode afetar o cérebro de maneira similar a como distúrbios como esquizofrenia e doença de Alzheimer impactam os processos cerebrais.

A pesquisa, conduzida por cientistas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), do Instituto D’Or de Ensino e Pesquisa e do Centro Nacional de Pesquisas em Energia e Materiais (CNPEM), pode contribuir para uma compreensão mais aprofundada das doenças cerebrais e dos métodos de tratamento dessas condições.

Para entender como esses transtornos afetam o cérebro, os pesquisadores analisaram padrões de expressão de proteínas cerebrais em indivíduos falecidos com esquizofrenia e aqueles que morreram devido à Covid-19, usando estudos anteriores e bancos de dados científicos.

Através dessa análise, foi possível identificar uma ‘assinatura proteica cerebral’ distinta para cada condição. Os cientistas então compararam essas assinaturas para determinar quais funções cerebrais são impactadas pelas alterações nos padrões de proteínas em pessoas com transtornos cerebrais em comparação com cérebros saudáveis.

‘Esperávamos encontrar mais diferenças do que semelhanças, já que uma condição é uma infecção viral aguda e a outra é uma doença com origem no neurodesenvolvimento e base genética’, afirma Daniel Martins-de-Souza, pesquisador da Unicamp e autor do estudo, em entrevista à Agência Bori.

Os resultados do estudo, no entanto, revelaram que a Covid-19 e a esquizofrenia afetam várias vias cerebrais em comum, especialmente no que diz respeito aos impactos moleculares e funcionais no cérebro.

Além disso, os pesquisadores descobriram que ambas as condições influenciam de maneira similar os processos que aceleram o envelhecimento cerebral, alteram os mecanismos de obtenção de energia das células cerebrais e afetam a comunicação entre o cérebro e o organismo. Isso sugere que, a longo prazo, essas condições podem estar igualmente envolvidas no desenvolvimento de deficiências cognitivas e sintomas psiquiátricos.

‘A infecção pelo vírus parece ter o potencial de desajustar a maquinaria cerebral, tornando o indivíduo mais suscetível a eventos psiquiátricos e, aparentemente, também a doenças neurodegenerativas’, observa Daniel Martins-de-Souza.

O estudo também indicou que tanto a Covid-19 quanto a esquizofrenia podem aumentar o risco de doenças metabólicas, como diabetes e síndrome metabólica, elevando, consequentemente, o risco de ataques cardíacos e derrames.

No entanto, mais pesquisas são necessárias para entender como essas duas doenças afetam os mecanismos cerebrais e para desenvolver novas terapias para tratar pacientes com uma ou ambas as condições.

‘Talvez possamos aprender mais sobre a esquizofrenia a partir dos dados sobre a Covid-19 e vice-versa’, afirma Martins-de-Souza. ‘Acredito que isso pode acelerar o desenvolvimento de tratamentos e oferecer novas perspectivas para investigar outras infecções virais que também podem impactar o cérebro, como o vírus Zika’, conclui.

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