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quinta-feira, 21 novembro, 2024

Estudo identifica efeito da solidão nos hábitos alimentares de mulheres jovens

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A pandemia de Covid-19 e o consequente isolamento social levaram muitas pessoas a continuarem trabalhando de forma remota. Este cenário motivou pesquisadores da Universidade da Califórnia, nos EUA, a investigar os efeitos da solidão nos hábitos alimentares e na saúde mental das mulheres.

Segundo um estudo publicado no Jama Network Open, mulheres que se sentem solitárias tendem a consumir alimentos calóricos com mais frequência, apontando para um impacto significativo do isolamento na dieta e bem-estar emocional.”

Para investigar o impacto da solidão nos hábitos alimentares, 93 mulheres saudáveis com idade média de 25 anos foram recrutadas e divididas em dois grupos: um com alta e outro com baixa percepção de isolamento social.

Utilizando ressonância magnética funcional (fMRI), os pesquisadores monitoraram a atividade cerebral enquanto as participantes eram expostas a imagens de alimentos. Esta técnica permite observar as alterações no fluxo sanguíneo e na oxigenação cerebral associadas à atividade neuronal, oferecendo insights valiosos sobre como o isolamento pode influenciar a percepção alimentar.”

A análise de um estudo recente revelou que mulheres que se sentem isoladas têm uma maior ativação nas regiões cerebrais associadas ao desejo por alimentos, especialmente doces. Ao mesmo tempo, essas mulheres apresentam menor ativação nas áreas do cérebro responsáveis pelo autocontrole na alimentação.

Essas participantes não só tendem a ter dietas menos saudáveis e níveis mais altos de gordura corporal, como também enfrentam maiores desafios com vícios alimentares e um apetite descontrolado. Elas apresentam níveis elevados de ansiedade e depressão, além de uma menor capacidade de gerenciar situações estressantes.

Os especialistas alertam que os impactos da solidão vão além das emoções imediatas, afetando significativamente a forma como as pessoas lidam com a alimentação. Esse padrão pode levar a um ciclo de consumo excessivo de alimentos, ganho de peso e o desenvolvimento de problemas como ansiedade e depressão, criando uma “bola de neve” de consequências negativas para a saúde.”

Segundo Carlos Andre Minanni, endocrinologista do Centro de Prevenção e Tratamento da Obesidade do Hospital Israelita Albert Einstein, apesar de suas limitações – sendo um estudo pequeno, realizado em um único local e com um grupo específico de participantes –, a pesquisa lança luz sobre a relação entre isolamento social e alterações no processamento cerebral da fome. “Essas alterações dificultam o controle do desejo de comer e podem favorecer maus hábitos alimentares e a obesidade”, afirma Minanni. Ele sublinha a importância de compreender esses impactos para enfrentar os desafios da saúde pública relacionados ao isolamento social.”

Fome de que?

Carlos Andre Minanni, endocrinologista do Hospital Israelita Albert Einstein, explica que a fome e as emoções são profundamente interligadas por meio de estruturas cerebrais como o hipotálamo e o sistema límbico. Essas áreas são responsáveis por funções essenciais, incluindo a memória e o comportamento. Minanni aponta que emoções negativas, como estresse, ansiedade, tristeza e solidão, ativam essas regiões, aumentando a sensação de fome.

De acordo com Juliana Santos Lemos, psicóloga especializada em comportamento alimentar e obesidade, em situações de estresse emocional, os alimentos frequentemente se tornam uma forma de fuga e alívio temporário. “Nessas condições, há uma tendência a preferir alimentos ricos em açúcar e gorduras, que rapidamente proporcionam uma sensação de prazer ao ativar o sistema límbico, que lida com emoções e recompensas”, comenta Lemos.

Lemos explica que consumir um doce muito saboroso pode reduzir os sintomas de estresse, um efeito que o cérebro registra. Isso cria uma associação automática entre alimentos ricos em açúcar e alívio emocional, levando a pessoa a buscar esses alimentos em momentos de ansiedade, condicionando-a a esses padrões alimentares.

Além disso, Lemos destaca que o estresse emocional eleva os níveis de cortisol, o hormônio do estresse, que mantém o corpo em alerta e ativa o mecanismo de luta ou fuga. Esse estado leva naturalmente a escolhas alimentares voltadas para itens hipercalóricos, ricos em açúcares e gorduras saturadas, que fornecem energia rápida.

As mulheres são mais suscetíveis a desenvolver transtornos de ansiedade e depressão devido a fatores hormonais e metabólicos que contribuem para a desregulação emocional. “As razões para essa disparidade entre os sexos ainda estão sendo estudadas, mas o maior percentual de gordura corporal, mesmo em pesos considerados saudáveis, e as normas sociais que pressionam as mulheres a serem mag

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