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sábado, 28 setembro, 2024

Alerta: 62 Jovens são mortos por dia no Brasil, maioria vítima de armas de fogo

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Todos os dias, uma média de 62 jovens brasileiros perdem suas vidas em assassinatos, revelando uma preocupante crise de violência que desafia o sistema de segurança pública do país. De acordo com dados recentes, em 2022, quase metade (49,2%) dos 46,4 mil homicídios registrados envolveu pessoas com idades entre 15 e 29 anos. Essa alarmante estatística sublinha a vulnerabilidade dos jovens diante da violência armada e do crime organizado.

O mais recente Atlas da Violência, divulgado nesta terça-feira, 18 de junho, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, traz à tona dados alarmantes sobre a violência no Brasil. Em 2022, o país registrou uma média diária de 62 jovens assassinados, uma realidade que reflete a crescente violência que atinge a juventude brasileira.

O relatório detalha que, no ano passado, um terço (34%) das mortes de jovens no Brasil foi resultado de homicídios, com a maioria desses crimes envolvendo o uso de armas de fogo. Esse dado evidencia a gravidade da situação e a predominância de armas letais nas dinâmicas de violência.

Analisando a última década, de 2012 a 2022, o cenário é ainda mais perturbador. Durante esse período, o Brasil contabilizou 321,4 mil mortes de jovens entre 15 e 29 anos devido à violência letal. A esmagadora maioria dessas vítimas são homens negros, apontando para uma crise profunda que afeta desproporcionalmente comunidades vulneráveis.

Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e uma das coordenadoras do Atlas, explica que esses jovens frequentemente se tornam a mão de obra do crime organizado. “Esses jovens, especialmente os que vivem em áreas periféricas e os negros, são constantemente aliciados pelo mundo do crime. Eles abandonam a escola muito cedo e não encontram oportunidades no mercado de trabalho”, destaca Bueno. Esta realidade cria um ciclo vicioso de marginalização e violência, que continua a ameaçar a vida de muitos jovens no Brasil.

Os dados revelados pelo Atlas da Violência sublinham a urgência de ações coordenadas para combater essa epidemia de homicídios. As autoridades e a sociedade precisam trabalhar em conjunto para oferecer alternativas de educação e emprego, afastando os jovens das influências nefastas do crime e garantindo um futuro mais seguro para as próximas gerações.

Apesar de uma ligeira queda nos homicídios de jovens no Brasil, as estatísticas continuam preocupantes. Em 2022, a taxa de homicídios entre jovens de 15 a 29 anos foi de 46,6 por 100 mil habitantes, uma redução de 4,9% em relação ao ano anterior. No entanto, este número permanece significativamente elevado quando comparado à taxa total de homicídios no país.

Para a população em geral, a taxa de homicídios foi de 21,7 por 100 mil habitantes, resultando em 46,4 mil homicídios registrados em 2022. Embora esta represente uma diminuição de 3,6% em relação a 2021, a diferença em relação aos jovens é marcante.

“Uma taxa de homicídios de 21 para cada 100 mil pessoas ainda é algo muito elevado, sob qualquer parâmetro”, explica Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. “Mas quando olhamos especificamente para os homens jovens, estamos falando de uma taxa que é quatro vezes superior.”

De fato, ao se focar nos homens jovens de 15 a 29 anos, a taxa de homicídios atinge alarmantes 86,7 por 100 mil habitantes. Isso destaca uma crise de violência que afeta desproporcionalmente esta faixa etária e sublinha a urgência de intervenções específicas para proteger os jovens brasileiros.

Embora as reduções nas taxas de homicídios sejam um passo na direção certa, elas estão longe de ser suficientes. A elevada taxa de homicídios entre jovens exige uma resposta robusta e coordenada das autoridades para enfrentar os fatores subjacentes, como a marginalização social, a falta de oportunidades educacionais e de emprego, e a exposição contínua à violência e ao crime organizado. É imperativo que políticas eficazes e inclusivas sejam implementadas para oferecer um futuro seguro e promissor para todos os jovens no Brasil.

Para fora dos Estados

Além do elevado número, é notável que nos últimos anos essas mortes não estão mais concentradas nas grandes metrópoles. “O crime organizado está presente até mesmo em pequenas cidades do interior, onde jovens frequentemente atuam como ‘aviãozinho’ no narcotráfico. Não é surpreendente que esse perfil seja tão específico: homens jovens negros e pardos”, destaca a pesquisadora.

Samira ressalta que pesquisas recentes do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e outras entidades indicam que o narcotráfico tem se expandido para o interior ao longo dos últimos anos, seja para consolidar rotas de cocaína ou para estabelecer novos mercados consumidores. “Há duas décadas, essa violência era predominantemente característica das grandes cidades”, afirma.

Consequentemente, regiões como Centro-Oeste e Norte têm se tornado alvo de facções como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV), as duas maiores do Brasil. Em certos casos, conforme reportagem do Estadão, a presença desses grupos até estimula o aumento de crimes ambientais e representa riscos para populações que antes viviam pacificamente nesses territórios.

Estados mais violentos

O Atlas da Violência revela um crescimento significativo na taxa de homicídios entre jovens em alguns Estados em 2022, destacando-se Piauí (64,6%), Bahia (23,5%) e Amazonas (19,5%). Por outro lado, Distrito Federal, São Paulo e Goiás registraram as maiores reduções, com quedas de 72,1%, 58,9% e 49%, respectivamente.

Em termos de letalidade, São Paulo apresentou a menor taxa para jovens (10,8), seguido por Santa Catarina (13,3) e Distrito Federal (19,3). As taxas mais elevadas foram observadas na Bahia (117,7), Amapá (90,2) e Amazonas (86,9).

Samira destaca a necessidade de revisão das políticas na Bahia, devido às altas taxas que superam a média nacional, especialmente em relação à letalidade policial, como revelado no Anuário recente. Ela contrasta isso com a Paraíba, que implementou políticas mais eficazes de prevenção, resultando em taxas menores apesar da proximidade geográfica.

Em 2022, 76,5% das vítimas de homicídios registrados no Brasil eram pessoas negras (pretas e pardas), totalizando 35,5 mil vítimas e uma taxa de 29,7 homicídios para cada 100 mil habitantes deste grupo. Em contraste, a taxa para pessoas não negras (brancas, indígenas e amarelas) foi de 10,8, com 10,2 mil homicídios. O Atlas destaca que, em média, para cada não negro assassinado no país, 2,8 negros são mortos, sublinhando a necessidade urgente de políticas mais direcionadas para abordar essa disparidade alarmante.

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