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quinta-feira, 21 novembro, 2024

Ronnie Lessa admite autoria do assassinato de Marielle e revela possível ganho de R$ 100 milhões com o crime

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No depoimento à polícia, transmitido pelo programa Fantástico da TV Globo no domingo (26), o ex-policial militar Ronnie Lessa admitiu ser o responsável pelos assassinatos da ex-vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes.

De acordo com Lessa, os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão propuseram a ele e a um de seus cúmplices, conhecido como Macalé (o ex-policial militar Edmilson de Oliveira, também assassinado em 2021), um loteamento clandestino na zona oeste do Rio de Janeiro como pagamento pela morte de Marielle.

“Era uma quantia considerável. Naquela época, ele mencionou R$ 100 milhões, o que realmente faz sentido. Os cálculos batem. R$ 100 milhões seria o lucro do loteamento. São 500 lotes de cada lado. Naquele momento, isso equivaleria a mais de US$ 20 milhões”, afirmou Lessa.

“Foi chocante. Não é algo comum receber uma oferta de receber US$ 10 milhões apenas para tirar a vida de alguém”, prosseguiu.

Lessa também revelou que no loteamento clandestino estava prevista a exploração de serviços como “gatonet”, venda de gás e transporte de moradores.

No seu depoimento, Lessa identificou os irmãos Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), e Chiquinho Brazão, deputado federal, como os responsáveis pelos assassinatos de Marielle e Anderson.

“Na verdade, eu não fui contratado para assassinar a Marielle como um assassino de aluguel. Não, eu fui convidado para entrar em uma sociedade”, afirmou Lessa.

Motivação

Segundo Lessa, ele se encontrou três vezes com Domingos e Chiquinho Brazão em uma avenida na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio. Nessas ocasiões, os irmãos teriam discutido sobre a motivação para o assassinato da vereadora, conforme relatado pelo ex-policial.

Entretanto, a Polícia Federal (PF) não conseguiu confirmar a ocorrência desses encontros, conforme divulgado pelo programa Fantástico.

“Marielle foi vista como um obstáculo. Ela teria convocado uma reunião ou várias reuniões com líderes comunitários, se não me engano, em Vargem Grande ou Vargem Pequena, em Jacarepaguá, para discutir essa questão e evitar que novos loteamentos de milícias fossem aderidos.”

“Foi isso que Domingos nos transmitiu: ‘Marielle vai nos atrapalhar e nós vamos seguir em frente com isso. Para isso, ela precisa ser eliminada’”, acrescentou Lessa, citando Domingos Brazão.

Embora não tenha sido condenado, Lessa está detido na Penitenciária Federal de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, desde dezembro de 2020.

A colaboração do ex-policial foi validada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em março deste ano.

Irmãos Brazão

Conforme reportado pelo Fantástico, a defesa de Domingos Brazão alegou que não há elementos que respaldem a versão apresentada por Lessa e que não existem provas que sustentem essa narrativa.

Por sua vez, os advogados de Chiquinho Brazão afirmaram que a colaboração de Lessa “é uma tentativa desesperada de obter benefícios, e que há várias contradições, fragilidades e inverdades” em suas declarações.

Fonte: Fantástico

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