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sexta-feira, 22 novembro, 2024

Apoiadores da esquerda convocam manifestações em prol da prisão de Jair Bolsonaro

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Frentes de esquerda que incluem sindicatos e movimentos sociais anunciaram nesta terça-feira, dia 27, que planejam realizar manifestações em todas as 27 capitais no dia 23 de março. O objetivo dessas manifestações é defender a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Este anúncio ocorre dois dias após Bolsonaro reunir centenas de milhares de apoiadores na Avenida Paulista e defender uma anistia para os manifestantes presos em decorrência dos atos de 8 de janeiro.

As manifestações estão programadas para ocorrer em todas as 27 capitais do país, com um esforço de mobilização particularmente concentrado em São Paulo e Salvador. De acordo com lideranças de esquerda que participaram da reunião e foram entrevistadas pelo Estadão, a capital paulista receberá uma atenção especial devido ao seu histórico de manifestações e ao resultado obtido por Bolsonaro no último domingo. Por sua vez, Salvador será destacada por ser a maior cidade do Nordeste e um dos principais redutos eleitorais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Bolsonaro está sob investigação da Polícia Federal (PF) por supostamente planejar um golpe de Estado após as eleições de 2022, juntamente com seus aliados e militares de alta patente. Após ser alvo da Operação Tempus Veritatis no último dia 8, o ex-presidente convocou seus apoiadores para um ato na Avenida Paulista, realizado neste domingo, 25, que atraiu centenas de milhares de pessoas.

Durante o evento, Bolsonaro negou qualquer envolvimento em um golpe de Estado e minimizou a descoberta pela PF de uma “minuta de golpe” que se tornou uma das principais evidências contra ele.

“O que é golpe? Golpe é tanque na rua. É arma. É conspiração. É trazer classes políticas e empresariais para o seu lado. Isso é golpe. Nada disso foi feito no Brasil. E por que ainda continuam me acusando de golpe? Agora, o golpe é porque tem uma minuta de um decreto de estado de defesa. Golpe usando a Constituição? Tenham santa paciência”, declarou Bolsonaro aos seus apoiadores.

Bolsonaro também disse que busca a “pacificação” do País e pediu anistia para os golpistas presos pelo ataque aos prédios públicos no 8 de Janeiro. O ex-presidente chamou os vândalos de “pobres coitados que estão presos em Brasília”.

“Teria muito a falar. Tem gente que sabe o que eu falaria. Mas o que eu busco é a pacificação, é passar uma borracha no passado, é buscar uma maneira de nós vivermos em paz, não continuarmos sobressaltados. Por parte do Parlamento brasileiro, é uma anistia para aqueles pobres coitados que estão presos em Brasília. Nós não queremos mais que seus filhos sejam órfãos de pais vivos”, disse o ex-presidente.

A carta

Durante o ato, está prevista a leitura de uma carta onde será defendida a prisão de Bolsonaro e dos seus aliados que também foram alvos da operação da PF. O ato será realizado dois dias após o aniversário de 69 anos de Bolsonaro.

Ao Estadão, o coordenador-geral do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), Rud Rafael, que integra a Frente Brasil Sem Medo, disse que os setores da esquerda que vão participar da manifestação consideram que as provas já coletadas pela PF sustentariam a privação de liberdade do ex-chefe do Executivo.

“A prisão de Bolsonaro precisa ser feita em decorrência das investigações. A gente quer que seja concluída o mais rápido possível. As provas já estão colocadas e a gente quer que haja o julgamento para que tenha a punição para ele e para todos que tiveram envolvimento com essa tentativa de golpe”, disse.

Segundo os organizadores, a manifestação será no dia 23 de março para relembrar os 60 anos do golpe militar de 1964, que ocorreu no dia 31 de março. A ação nas ruas foi adiantada em uma semana por causa do feriado da Páscoa, informaram os organizadores.

Além da prisão do ex-presidente e dos demais investigados pela Polícia Federal, a manifestação também terá como pauta o conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas. Segundo organizadores das manifestações ouvidos pelo Estadão, os movimentos vão prestar solidariedade ao povo palestino e pedir o fim do conflito na região.

No último dia 18, Lula comparou a incursão de Israel na Faixa de Gaza com o extermínio de judeus promovido pela Alemanha nazista. A declaração fez com que o petista fosse declarado “persona non grata” pelo Estado israelense, além de resultar em um pedido de impeachment, assinado por 139 deputados e protocolado na Câmara na semana passada.

Sindicatos e movimentos sociais

A Frente Povo Sem Medo emergiu em 2015, durante a turbulência política que culminou no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Originada como uma coalizão entre sindicatos e movimentos de esquerda, a frente coordenou protestos contra o processo de destituição. Após o afastamento da presidente, o grupo continuou liderando manifestações durante os mandatos de Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro.

Um dos principais componentes da Frente é o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), reconhecido por seus protestos em prol do direito à moradia e da reforma urbana. Uma figura proeminente desse movimento é o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), que está envolvido na liderança do grupo desde 2002 e atualmente é pré-candidato à Prefeitura de São Paulo.

Outra frente formada durante a crise política sob o governo Dilma é a Frente Brasil Popular, com laços mais estreitos com o Partido dos Trabalhadores. Seus membros incluem a Central Única dos Trabalhadores (CUT), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a União Nacional dos Estudantes (UNE).

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