Os profissionais jornalistas do Los Angeles Times, conhecido como LA Times, declararam oficialmente o início de uma greve a partir das 17h (horário de Brasília) desta sexta-feira (19 de janeiro de 2024). Esta marca a primeira paralisação organizada pelo sindicato em seus impressionantes 142 anos de história.
Em um comunicado emitido pelo sindicato LA Times Guild na quinta-feira (18 de janeiro), a associação explicou que a decisão de protestar por meio da greve foi motivada por demissões e alterações nos contratos. As manifestações estão programadas para ocorrer nas redações de Los Angeles, Sacramento e Washington. O comunicado completo pode ser acessado aqui (PDF – 64 kB, em inglês).
O anúncio da greve veio após a administração do LA Times indicar a intenção de demitir um “número considerável” de jornalistas. No comunicado, o LA Times Guild destacou a dificuldade em fornecer um número exato de demissões programadas, uma vez que as negociações têm sido conduzidas em reuniões “off the record” (fora dos registros oficiais ou de maneira confidencial).
“A administração insiste em negociar esta questão em reuniões ‘off the record’, tornando impossível para o sindicato determinar o número exato de membros que a empresa pretende dispensar. No entanto, trata-se de um contingente substancial em um ano em que o jornalismo desempenhará um papel crítico no futuro da democracia”, afirmou o comunicado. Vale ressaltar que os Estados Unidos realizarão eleições presidenciais em novembro deste ano.
Por sua vez, o LA Times divulgou em uma reportagem que o plano em discussão é “demitir pelo menos 100 jornalistas, o equivalente a cerca de 20% da equipe editorial”. De acordo com a publicação, este seria o maior corte de pessoal desde que o jornal deixou de ser propriedade do conglomerado de mídia Tribune Co. e passou a pertencer ao bilionário Patrick Soon-Shiong em 2018.
As possíveis demissões representarão a terceira rodada de cortes desde junho de 2023, quando 74 membros da redação foram dispensados. Além disso, o então editor-executivo do jornal, Kevin Merida, anunciou sua renúncia em 9 de janeiro, alegadamente devido a divergências com Soon-Shiong. Este conjunto de eventos sinaliza uma fase desafiadora para a equipe do LA Times, marcada não apenas por ajustes significativos no quadro de funcionários, mas também por mudanças de liderança importantes.
Reivindicações
No comunicado, o sindicato apresenta 3 demandas à administração do Los Angeles Times. São elas:
- quantidade de demissões: quer que a administração articule publicamente um “número claro” de funcionários ou redução salarial que pretende fazer;
- tomada de decisões: pede que os editores-executivos interinos que assumiram depois da saída de Merida e o presidente Chris Argentieri realizem uma reunião geral e articulem um “roteiro claro” para o crescimento da receita e não apenas para a redução de custos;
- maior contribuição do sindicato: solicita que a empresa convoque um comitê de busca e seleção para o próximo editor-executivo que inclua vários representantes do LA Times Guild.