A proporção de lares brasileiros com compromissos financeiros a liquidar registrou uma redução pelo quinto mês consecutivo em novembro, alcançando 76,6%, marcando o índice mais baixo desde janeiro de 2022. Simultaneamente, o percentual de famílias em situação de inadimplência também apresentou recuo, fixando-se em 29% no mês passado, o menor patamar desde junho de 2022.
Os números foram tornados públicos nesta segunda-feira (4) como parte dos resultados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), conduzida pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). No escopo do levantamento estão contempladas diversas formas de compromissos financeiros, abrangendo cartão de crédito, cheque especial, carnês de lojas, crédito consignado, empréstimo pessoal, cheque pré-datado e prestações relacionadas a automóveis e residências.
No mês de novembro, houve uma redução no número de indivíduos que declararam não dispor de recursos para quitar débitos acumulados de meses anteriores, atingindo 12,5%. No entanto, esse índice permanece superior ao registrado no mesmo período de 2022. A análise da CNC destaca que a diminuição, ainda que modesta, apresenta um sinal significativo da eficácia do programa Desenrola.
Dentre as pessoas que possuem dívidas, 17,8% se autodeclaram como “muito endividadas”. Esse percentual apresentou uma redução após dois meses consecutivos de aumento. A maioria dos entrevistados (30,7%) indicou sentir-se “pouco endividada”.
Segundo a análise da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), melhorias no mercado de trabalho, aliadas ao aumento das contratações previstas para o final do ano, têm contribuído para favorecer os orçamentos domésticos. Consequentemente, um contingente maior de pessoas consegue honrar com suas dívidas pendentes.
Renda maior
Apesar da diminuição no número geral de endividados, a faixa de renda média (de cinco a dez salários mínimos) experimentou um aumento no índice de pessoas endividadas, retornando aos patamares observados em novembro de 2022.
Os consumidores de renda mais baixa (com até 3 salários mínimos) registraram o maior percentual de dívidas em atraso, alcançando 36,6%. Além disso, esse grupo apresenta a maior probabilidade de não conseguir quitar suas obrigações financeiras. Adicionalmente, há uma elevada dependência de dívidas nesse segmento, comprometendo 31,9% de sua renda.
Cartão de crédito
O cartão de crédito continua sendo o recurso mais utilizado entre os endividados, representando 87,7% do total de devedores. O crédito consignado e o financiamento imobiliário também registraram avanços (0,5 e 0,4 ponto percentual, respectivamente).
Crescimento entre homens
Comparado ao mês de outubro, o volume de mulheres endividadas manteve a tendência de queda, enquanto o endividamento entre os homens teve ligeiro aumento (0,4 ponto percentual). Dados da Peic também registram que mais mulheres reportam dificuldades de quitar todas as dívidas em dia (30,1%) do que homens (28%).