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sábado, 23 novembro, 2024

Esgotamento profissional afeta a maioria dos médicos brasileiros

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A intensa jornada enfrentada pelos profissionais da medicina emerge como uma crescente preocupação, acarretando sérias implicações para a saúde mental dessa classe. O excesso de horas de trabalho, frequentemente ultrapassando os limites recomendados, está correlacionado ao surgimento da Síndrome de Burnout, um desafio silencioso nos corredores da área médica.

Uma confirmação desse cenário é evidenciada pela pesquisa “Saúde Mental do Médico”, conduzida pelo Research Center da Afya. Segundo os resultados, 62% desses profissionais apresentaram quadros diagnosticados ou sintomáticos de Síndrome de Burnout ao longo de suas trajetórias profissionais. Isso significa que dois em cada três médicos enfrentam esse desafio. Além disso, o estudo revela que 47% já receberam diagnóstico de transtorno de ansiedade, enquanto 46% enfrentaram diagnóstico de depressão.

Com a saúde mental em foco, a busca pelos motivos que tornam os médicos estatísticas do Burnout ganha destaque. Segundo Thayan Fernando Ferreira, advogado especializado em direito de saúde e direito público, membro da comissão de direito médico da OAB-MG e diretor do escritório Ferreira Cruz Advogados, grande parte desse cenário é atribuída à intensa rotina.

“Com jornadas frequentemente ultrapassando as 60 horas semanais, os médicos enfrentam desafios únicos, lidando com pressões emocionais e físicas constantes. A Síndrome de Burnout, caracterizada por exaustão emocional, despersonalização e diminuição da realização pessoal, torna-se uma realidade palpável diante dessa carga laboral extrema”, destaca o advogado.

Thayan ainda ressalta que, embora esses profissionais estejam respaldados por leis, a justiça não substitui o sistema de saúde. “Apesar dos avanços, as leis que asseguram a saúde mental dos médicos variam. Algumas jurisdições implementaram regulamentações mais rígidas sobre limites de horas trabalhadas, enquanto outras ainda carecem de proteções eficazes. Ter leis para proteger esses profissionais é importante, mas vale salientar que lei não é saúde”, argumenta.

De acordo com o Ministério da Saúde, a Síndrome de Burnout engloba nervosismo, sofrimentos psicológicos e problemas físicos, como dor abdominal, fadiga excessiva e tonturas. Os sintomas, como estresse e a falta de vontade de sair da cama ou de casa, quando persistentes, podem indicar o início da doença. Especialistas alertam que esses sintomas geralmente começam de forma leve, mas tendem a piorar ao longo do tempo, razão pela qual muitas pessoas consideram que pode ser algo passageiro.

“É imperativo promover um diálogo contínuo sobre a importância da saúde mental na profissão médica. Iniciativas que busquem reduzir a carga horária excessiva, oferecer apoio psicológico e garantir ambientes de trabalho saudáveis são fundamentais. Somente assim, podemos aspirar a uma prática médica sustentável, que preserve tanto a saúde dos pacientes quanto a dos médicos que dedicam suas vidas ao cuidado dos outros”, conclui Thayan.

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