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segunda-feira, 16 setembro, 2024

Responsáveis pela tecnologia da vacina contra covid-19 levam Nobel de Medicina

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A bioquímica húngara Katalin Karikó e o imunologista americano Drew Weissman são os vencedores do Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina deste ano. Responsáveis por criar a tecnologia da vacina de mRNA, a descobreta da dupla, fruto da pesquisa em ciência básica, levou ao desenvolvimento em tempo de recorde de imunizantes contra a covid-19 em 2020, menos de um ano após o surgimento do novo coronavírus. Essa foi a principal arma da humanidade para frear a maior pandemia do último século, com quase 7 milhões de vítimas (700 mil delas no Brasil).

O anúncio dos vencedores foi feito nesta segunda-feira (2), na Suécia. Além da medalha e do diploma, os laureados levam para casa a quantia de 11 milhões de coroas suecas (em torno de R$ 4,8 milhões). O prêmio de Medicina vem sendo entregue desde 1901, quando a premiação teve início, seguindo as diretrizes deixadas postumamente no testamento do químico e inventor sueco Alfred Nobel (1833-1896).

Com a função de “levar instruções” para as células agirem, o mRNA é um material genético sintetizado em laboratório que, na composição da vacina da a covid-19, induz as células a produzirem uma proteína do vírus que será reconhecida pelo sistema imunológico como ameaça, o que levará à produção de anticorpos.

A dupla descobriu que essa técnica pode ser usada para bloquear a ativação das reações inflamatórias e aumentar a produção de proteínas quando o mRNA é distribuído para as células. Eles publicaram os resultados da investigação em 2005, mas receberam atenção tímida da comunidade científica.

No período da pandemia, revistas de mais prestígio, como Nature e Science chegaram a negar a publicação do primeiro artigo, segundo Weissman. A pesquisa foi relatada na Immunity, uma revista de nicho. Os dois se conheceram na Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, após Katalin se mudar para lá depois de ter perdido o financiamento para suas pesquisas na Hungria.

Katalin e Drew enfrentaram obstáculos para o uso clínico da tecnologia, já que o mRNA produzido in vitro era instável e aumentava as reações inflamatórias. Ao longo dos anos, porém, os dois pesquisadores conseguiram fazer fabricar vários tipos de mRNA e com testes em camundongos. Resolveram o mistério e praticamente eliminaram a resposta inflamatória exacerbada.

Somente a partir de 2010, duas biotechs fundadas, uma alemã e outra americana, resolveram apostar na tecnologia. BioNTech e Moderna (você deve se lembrar desses nomes por causa da pandemia), justamente as primeiras empresas a apresentarem resultados extraordinários de eficácia de uma vacina anticovid (95% e 94%, respectivamente).

Em 2013, Katalin foi convidada a trabalhar na BioNTech, que testava a tecnologia de RNA em tratamentos contra o câncer. Com a crise sanitária em 2020, a húngara, já no cargo de vice-presidente da empresa, participou do desenvolvimento da vacina feita em parceria com a Pfizer.

Mais uma mulher na galeria de vencedores

Durante mais de um século de premiação, apenas 12 mulheres foram agraciadas com o Nobel de Medicina antes de Katalin Karikó. A primeira delas foi somente em 1947, quando a americana Gerty Cori dividiu a honraria com dois homens. Um deles era seu marido, Carl Ferdinand Cori, com quem desenvolveu pesquisas essenciais para a melhor compreensão da diabetes.

A única mulher a conquistar a láurea sem compartilhá-la com outros cientistas nesta categoria foi Barbara McClintock, em 1983, por suas descobertas sobre os chamados “genes saltadores”, que transitam no genoma e são capazes de se mover e se replicar em segmentos do DNA.

Em 1951, o Prêmio Nobel de Medicina também exaltou o desenvolvimento de outra vacina: contra a febre amarela. O ganhador foi o microbiologista sul-africano Max Theiler.

A dobradinha do geneticista

No ano passado, o grande vencedor foi o geneticista sueco Svante Paabo, responsável pelo sequenciamento do DNA dos Neandertais – uma espécie extinta de hominídeos, além de descobrir uma nova espécie de hominídeo, os Denisovan. 

Nessa conquista o mais importante: o geneticista demonstrou como esses hominídeos atualmente extintos se relacionaram com o Homo sapiens há 70 mil anos, quando nossos antepassados começaram a deixar a África para conquistar o restante do planeta, nos legando parte de seu código genético.

No ano de 2021, o Nobel de Medicina foi para David Julius e Ardem Patapoutian “pela descoberta dos receptores de temperatura e tato”. Em 2022, Harvey J. Alter, Michael Houghton e Charles M.Rice foram os laureados por conta da descoberta do vírus da hepatite C.

William G Kaelin, Peter J. Ratcliffe e Gregg L. Semenza foram premiados em 2019 “por terem descoberto como as células se adaptam à disponibilidade de oxigênio”.

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