Jundiaí tem se destacado nos últimos anos como um grande polo logístico, não só pela infraestrutura e localização privilegiadas. Desde 2017, a cidade conta com o TIJU (Terminal Intermodal de Jundiaí), administrado pela empresa Contrail, que opera o transporte de cargas em contêineres, ligando o município ao porto de Santos pela malha ferroviária. Um diferencial que tem atraído a atenção das empresas do setor e tende, num futuro próximo, a culminar com um hub logístico referência para todo o Estado.
Em 2022, o TIJU alcançou a marca de 4 mil TEUs (sigla em inglês para definir contêineres de 20 pés) transportados por mês pela ferrovia. Em termos de sustentabilidade, a vantagem de utilizar este tipo de modal é: a carga transportada por um trem equivale a 42 caminhões, o que proporciona uma redução de até 70% da emissão de CO2 comparado com o transporte rodoviário.
O número de empresas voltadas ao setor logístico é significativo no território jundiaiense. Segundo dados do Econodata, a cidade conta com 4.615 empresas de logística e transporte. Destas, 3.469 são MEIs (Microempreendedores Individuais). Um ranking com as 50 maiores empresas do setor instaladas no município mostra que, por ano, são gerados faturamentos (presumidos) que vão de R$ 4,8 milhões (50ª colocada) a R$ 13,2 bilhões (primeira do ranking).
Há 17 anos no mercado, a Task Logistics percebeu esse potencial do município e aportou em Jundiaí há três anos com objetivo de alavancar ainda mais o trabalho executado na gestão logística para importações e exportações. “Estamos nos envolvendo com a história e tradições da cidade, buscando parcerias, grupos de negócios e até patrocinamos a última edição da Festa da Uva”, afirmou Evelisy Peres, sócia-proprietária.
Participante da oitava edição da Feira Internacional de Logística Brasil Log, realizada recentemente no Parque Comendador Antônio Carbonari, a empresa aumentou as expectativas em relação a novos negócios. “Estamos fazendo muitos contatos e constatando que a indústria busca soluções”, pontuou a empresária.
Apoio público
Para auxiliar as empresas e aproximar o poder público das demandas geradas pelo setor, a Prefeitura de Jundiaí realiza desde 2017 o “Café com o Setor Produtivo”. De lá para cá já foram mais de 200 reuniões com executivos e funcionários, sempre com índices altos de resolução.
O prefeito Luiz Fernando Machado explica que essa é uma dinâmica para que as empresas gerem empregos e renda. “Temos muito orgulho dessa parceria com o setor privado, que contribui para o desenvolvimento econômico e social não só do município, mas de toda a região, do Estado e do país”, destacou.
Mais investimentos
Para manter a boa estrutura e aumentar a competitividade no que diz respeito à atração de novos investimentos, Jundiaí já planeja mais ações. Uma delas é em relação à mobilidade.
José Antonio Parimoschi, gestor de Governo e Finanças, lembrou da obra de prolongamento da avenida Antônio Frederico Ozanam, que será realizada em breve. “Isso vai facilitar o trânsito para quem precisa acessar a rodovia Anhanguera, por exemplo, além do escoamento da produção gerada aqui pelas empresas. E pensando na Jundiaí 2050, temos um potencial grande para um hub logístico que será referência para todo o Estado, atraindo novos investimentos para cá, mais empregos e renda”.
Outro destaque é que o município projeta para breve desenvolver operações de desembaraço aduaneiro, iniciando com um Redex (Recinto Especial para Desembaraço Aduaneiro de Exportação) e, futuramente, o EADI (Estação Aduaneira do Interior).
O Governo do Estado também demonstrou interesse em investimentos neste sentido. Na abertura da Brasil Log, a coordenadora técnica estadual de Logística e Transportes, Karin Anne Van de Bilt, falou sobre a iniciativa de elaborar um novo Plano Diretor, a partir de um termo de referência. A ideia é contratar um estudo que pesquise e aponte demandas, soluções e investimentos necessários do Estado. “A Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística visa o desenvolvimento sustentável, incentivando a multimodalidade logística. Por isso, esse estudo é importante e estamos abertos a sugestões e considerações”.
Sustentabilidade, inclusive, que foi destacada por Cristiano Lopes, gestor de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia. “Nossa preocupação é com o desenvolvimento de Jundiaí, mas sem que ela perca sua qualidade de vida. Investir em outros modais de transporte que gerem menos gás carbônico, como a ferrovia, ajuda na mobilidade da cidade e também o meio ambiente”.