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segunda-feira, 25 novembro, 2024

Reinfecção de covid-19 pode ter efeito cumulativo e causar mais complicações

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Em tempos de subvariantes de ômicron se espalhando como vento, talvez seja necessário rever aquela história de que menos mal se por acaso pegar o vírus de novo. Afinal, uns podem pensar, que o organismo já estaria imunizado ou, quem sabe, uma nova infecção teria poucos sintomas, como a de outra vez.

Porém, um estudo publicado na semana passada na revista científica Nature avisa: se eu fosse você, não botava tanta fé nisso e me cuidaria bem mais. Pois um bis do Sars-Cov-2 pode ser pior do que o primeiro contato que teve com esse vírus, provocando mais estragos da cabeça aos pés, como se eles fossem capazes de se acumular.

A Universidade de Washington e a Veterans Research and Education Foundation, nos Estados Unidos, de onde vieram os estudos garantem que, se você compara quem só teve covid-19 uma única vez com quem se reinfectou com o coronavírus, o risco de problemas cardíacos e pulmonares, diabetes, doença renal, disfunções neurológicas e outras encrencas passa a ser muito maior na turma que testou positivo mais de uma vez. E, atenção, isso foi notado mesmo quando os cientistas colocaram lado a lado pessoas que tomaram a vacina.

O risco de ir parar no hospital e morrer de covid-19 ou por causa de uma dessas complicações até seis meses depois também aumenta em quem se reinfecta. 

Será que dá para acreditar nisso e ficar com medo sem fazer ressalvas? Não, claro que não. O trabalho tem vários aspectos que fazem a gente questionar se o que ele achou de fato aconteceria da mesma forma com qualquer pessoa. Mas também não é para dar de ombros. Seus resultados são um pedido para todo mundo ter mais cautela.

O estudo

Os pesquisadores se aprofundaram nos dados de mais de 5 milhões de pessoas atendidas pela rede que cuida da saúde dos veteranos americanos. Delas, 443 mil foram diagnosticadas com covid-19 uma vez. Já outras 40,9 mil pegaram o Sars-CoV-2 duas ou mais vezes.

“O trabalho tem uma força estatística poderosa devido ao tamanho da população estudada”, nota André Báfica, que é professor associado de imunologia da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).

Para Báfica. pergunta levantada pelos colegas americanos é importantíssima. Isso porque, até hoje, apesar de oficialmente mais de meio bilhão de pessoas terem contraído o coronavírus desde o início da pandemia, mal e mal se conhece o impacto das reinfecções no organismo.

“A informação alarmante que eles apresentam é a seguinte: a quantidade de infecções pelo Sars-CoV-2 de um indivíduo está associado ao risco de patologias em diversos órgãos a longo prazo. Ou seja, esse perigo aumenta conforme o número de reinfecções”, comenta o imunologista, um dos pesquisadores mais respeitados do país na busca de soluções para a covid-19.

“Isso significa”, continua ele, “que existiria um efeito cumulativo. Portanto, ter uma segunda infecção é mais grave para a saúde do que só ter uma e, pior ainda do que pegar a covid-19 duas vezes, é ficar com o vírus três vezes ou mais.”

Pós-vacina

As pessoas analisadas no estudo foram divididas em três grandes grupos. Um deles era o de quem conseguiu passar ileso pela pandemia e não tinha sido diagnosticado com covid-19 até aquele momento. O segundo era de quem pegou a doença uma única vez e, finalmente, havia o grupo de quem se reinfectou mais tarde. Neste último, os pesquisadores ainda diferenciaram quem teve a infecção duas, três ou — credo! — quatro vezes ou mais.

Assim, cruzaram com os registros dos problemas que toda essa gente experimentou ao longo de seis meses a partir do instante em que testou positivo no serviço de saúde pela primeira vez ou na reinfecção, mas sempre usando como grupo controle, ou parâmetro, aqueles sortudos que nunca souberam o que era estar com um Sars-CoV-2 no corpo.

As comparações do trabalho eram sempre feitas depois de apontarem quantos em cada mil indivíduos de cada um desses grupos foram flagrados com diabetes, problemas de coagulação e outras questões hematológicas, doença do coração e muito mais. 

Os gráficos do artigo científico deixam claro que o risco para qualquer um dos males listados, sem contar a ameaça de morrer, sempre aumenta entre quem contraiu o coronavírus em relação a quem escapou da covid-19. E ele vai crescendo na medida em que sobe o número de reinfecções.

Será que isso, então, quer dizer que a vacina não funcionaria? Já imagino a nuvem dessa pergunta passando sobre a sua cabeça e respondo: nada disso. 

Isso quer dizer que, se você compara quem se vacinou com quem não se vacinou, o risco de quadros graves é invariavelmente bem menor na primeira turma. No entanto, se você compara pessoas vacinadas entre si, verá que o perigo de ter algum problema é sempre maior entre aqueles que, muitas vezes por excesso de confiança, de algum modo se descuidaram e contraíram o vírus múltiplas vezes. 

Aliás, se duvidar, como estamos vendo agora, com o povo sem máscara em lugares fechados e deixando o álcool em gel para as mãos esquecido em algum canto.

Fonte: UOL

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