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sexta-feira, 22 novembro, 2024

Adolescente do Reino Unido morre após “efeitos negativos” do Instagram

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Fonte: Canatech

Uma adolescente de apenas 14 anos do Reino Unido morreu após automutilação causada por “efeitos negativos do conteúdo online”. A afirmação é do legista responsável por investigar o caso e chamou a atenção de autoridades, além das empresas de mídias sociais do mundo inteiro.

A jovem Molly Russell foi exposta a material que pode tê-la influenciado negativamente, algo que evoluiu para depressão e se agravou com o passar do tempo. A conclusão foi legista do North London Coroner’s Court, Andrew Walker, na Inglaterra.

Apesar de a morte estar ligada às mutilações, o legislista disse que não seria seguro classificar a morte como suicídio. A jovem teria visto conteúdos explícitos que ajudaram a “normalizar sua condição”, influenciada por pessoas em situações semelhantes à dela.

A perícia feita na conta de Russell no Instagram descobriu que ela salvou, compartilhou ou curtiu 2,1 mil publicações nocivas (de um total de 16,3 mil) no período de seis meses antes da sua morte. Todos esses conteúdos tratavam sobre depressão, automutilação ou suicídio, segundo o inquérito.

Família critica postura do Instagram

A menina morreu em 2017 e desde então a família da jovem desenvolve campanhas alertando pais e responsáveis sobre os perigos das redes sociais para os adolescentes. “Molly era uma pessoa atenciosa, doce, carinhosa, curiosa, altruísta e bonita — embora algumas palavras não possam definir nossa garota maravilhosa”, explicou o pai, Ian Russell, em um comunicado enviado à mídia.

Ian disse que chegou a conversar com um executivo sênior da Meta, empresa controladora do Instagram, que minimizou o caso. Esse executivo teria dito que o algoritmo da plataforma é seguro e que não houve violação às políticas da rede sobre conteúdo.

“Se esse ‘conteúdo sugador de vida’ fosse seguro, minha filha Molly provavelmente ainda estaria viva e, em vez de ser uma família de quatro pessoas enlutadas, haveria cinco de nós ansiosos por uma vida cheia de propósito e promessa que está por vir. É hora de mudar a cultura corporativa tóxica no coração da maior plataforma de mídia social do mundo”, pediu ele.

Audiência foi marcada por acusações

A audiência durou uma semana e foi bastante acalorada, principalmente quando o advogado da família, Oliver Sanders, chamou uma executiva da Meta para questioná-la. O defensor perguntou à chefe de saúde e bem-estar da Meta, Elizabeth Lagone, porque a plataforma permitia que crianças a usassem quando há tanto “conteúdo potencialmente nocivo”.

Sanders disse que a rede social não tem o direito de empurrar conteúdos nocivos para crianças, porque elas não têm condições de compreender o impacto daquilo. O jurista alegou que a Meta trata o algoritmo apenas como um “negócio nos EUA”, sem se preocupar com as repercussões.

Lagone teria pedido desculpas após ser confrontada com as imagens vistas pela jovem e concordou que elas teriam violado as políticas. Em um comunicado divulgado após a decisão, uma porta-voz da Meta disse que “nossos pensamentos estão com a família Russell e todos os que foram afetados por esta morte trágica”.

“Continuaremos nosso trabalho com os principais especialistas independentes do mundo para ajudar a garantir que as mudanças que fazemos ofereçam a melhor proteção e suporte possível para os adolescentes”, seguiu a empresa.

Organizações de pais e responsáveis na cola da Meta

Diante da repercussão do caso, muitas instituições e organizações internacionais se posicionaram para o caso. A Sociedade Nacional para a Prevenção da Crueldade contra Crianças (NSPCC) declarou que a decisão jurídica é um marco, um “ponto de virada”.

Segundo a ONG, qualquer atraso em um projeto de lei para tratar da segurança online seria inconcebível para os pais. “As empresas de tecnologia devem ser responsabilizadas quando não priorizam a segurança das crianças”, ressaltou a instituição pelo seu perfil oficial no Twitter.

O príncipe William, que trabalha em uma instituição focada em problemas de saúde mental, declarou que nenhum pai deveria ter que suportar o que os Russells passaram. “Eles foram incrivelmente corajosos. A segurança online para nossas crianças e jovens precisa ser um pré-requisito, não uma reflexão tardia”, declarou o membro da Família Real Britânica.

O Instagram tem investido muito tempo e dinheiro na criação de ferramentas para tentar minimizar possíveis impactos nocivos. Há pouco mais de duas semanas, a plataforma da Meta trouxe a central com recursos para controle parental ao Brasil. Em agosto, o site anunciou regras mais rígidas para menores de 16 anos, como o controle de conteúdo sensível e a checagem automática de configurações recomendadas.

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