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quarta-feira, 24 abril, 2024

‘Estou feliz por minha mãe ter morrido’: a dura infância de estrela da Nickelodeon exposta em livro de memórias

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Fone: BBC NEWS

Era setembro de 2013, e Debra McCurdy, mãe da atriz, acabara de morrer de câncer diagnosticado pela primeira vez quando a artista tinha 2 anos.

McCurdy, hoje com 30 anos, sentou-se com seus irmãos, Marcus, Dustin e Scottie, observando enquanto os carregadores tentavam levar o caixão para a sala onde o corpo seria velado.

“Quanto você quer apostar que eles vão acabar caindo, que o corpo da nossa mãe vai rolar, se levantar e começar a gritar com a gente?”, um de seus irmãos disse, fazendo todos cair na gargalhada.

Ela lembrou do episódio em entrevista à revista Vanity Fair, uma das muitas que fez para divulgar seu livro de memórias, que foi lançado em 9 de agosto nos Estados Unidos pela editora Simon & Schuster e já é um best-seller.

Seus comentários à revista são tão provocativos quanto o título do livro — I’m Glad My Mom Died (“Estou feliz por minha mãe ter morrido”), e sua capa, em que a ex-criança-prodígio posa com uma urna funerária.

Capa do livro de memórias de Jennette McCurdy, 'Estou feliz que minha mãe morreu'

Mas as frases tão dolorosas quanto hilárias não se restringem à capa. No interior, McCurdy salpica com humor episódios dramáticos de sua infância e adolescência, desde o difícil relacionamento com uma mãe que “a abusou física e emocionalmente dela”, passando por sua luta contra o álcool e os transtornos mentais, até o “tratamento impróprio” que supostamente recebeu de um roteirista da Nickelodeon.

Ele já abordou estes assuntos, de alguma forma, em um show que levava o mesmo título e que apresentou nos cinemas de Nova York e Los Angeles em 2021, e em seu podcast Empty Inside (“Vazia por Dentro”).

Depois dos flashes, dos prêmios, das manchetes e das capas de revista, as primeiras décadas da atriz, quem também era cantora — hoje aposentada da atuação e focada em sua faceta de roteirista e escritora— não foram fáceis.

“Houve essa parte da minha vida tão brega, tão brilhante e perfeita, tão falsa”, disse ao jornal americano The Washington Post. “E então houve a parte dolorosa, real e crua, aquela parte que passou completamente despercebida.”

Banho com a mãe até os 16 anos

McCurdy cresceu em uma família mórmon relativamente simples em Orange County, no sul da Califórnia.

Seu pai, Mark, trabalhava em dois empregos e não era exatamente, como ela mesma descreve, “alguém muito ligado às suas emoções”. Após a morte de Debra, ele descobriu que não era seu pai biológico.

Sua mãe, que a educou em casa junto com seus três irmãos mais velhos, projetou em McCurdy suas frustradas aspirações de se tornar atriz e a colocou no show business aos 6 anos.

“Você quer ser a pequena atriz da mamãe?”, Debra perguntou certo dia, segundo ela conta no livro.

Debra ditou o que a filha deveria e o que não deveria gostar e tomou todas as decisões por ela até a adolescência, segundo seu livro de memórias e declarações feitas em entrevistas à imprensa.

Tomou banho com a filha até os 16 anos, lavou seu cabelo, raspou suas pernas e fez exames vaginais e mamários de rotina para “certificar-se de que ela não tinha caroços” que pudessem ser câncer.

“Ela fez um esforço para manter nosso relacionamento privado. Agora, vejo isso como algo que me condicionou (a vida), mas eu pensava ‘Ah, mamãe e eu temos um relacionamento tão especial'”, disse McCurdy ao The Washington Post.

“Era como quando você tem um melhor amigo e compartilha todos esses segredos. Você sente que é uma forma de intimidade. Foi o que minha mãe fez comigo. Não foi amizade. Foi abuso.”

‘O criador’

Depois de anos atuando em comerciais e vários programas de TV, como Malcolm in the Middle (2003-2005), Zoey 101 Law & Order: SVU (ambos de 2005), sua grande chance veio quando ela foi escalada como Sam Puckett em iCarly.

Ele interpretou seu papel por seis temporadas (2007-2012), o que lhe rendeu, entre outros prêmios, quatro Kids Choice Awards, (em que o próprio canal premia os mais votados pelo público.)

Nos anos em que a série foi filmada, o abuso que sofria de sua mãe seria somado, segundo seu relato, por outro: o de um homem que ela prefere não identificar e simplesmente se refere como “o criador”.

“Decidi chamá-lo assim porque acho divertido e porque combina com o personagem”, explicou à Vanity Fair.

Em suas memórias, ela conta como ele lhe ofereceu álcool quando ela era menor de idade e lhe fez uma massagem nas costas que ela considerou inapropriada.

Em suas memórias, ela garante que um agente disse a ela que a Nickelodeon lhe ofereceu US$ 300 mil (R$ 1,53 milhão) para não tornar pública sua experiência durante o programa e com “o criador” em particular — “dinheiro em troca de silêncio”, como ela descreve. Mas ela afirma que se recusou a aceitá-lo.

A Nickelodeon foi procurada para comentar o assunto, mas não houve resposta.

Naqueles anos, nos bastidores, a agora ex-atriz sofria de transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), ansiedade sobre seu status de celebridade e anorexia desenfreada, reforçada pela dieta de “restrição calórica” ​​imposta pela mãe.

Em seu livro, McCurdy também fala sobre a relação tensa que teve naqueles anos com a cantora Ariana Grande, com quem trabalhou em Sam & Cat. Na nova série, McCurdy continuaria com seu papel como Sam, de iCarly, e Ariana Grande seria Cat, personagem que ele interpretou em outra série, Victorious.

Durou uma temporada, em 2013, e foi “humilhante”, descreve McCurdy, porque enquanto Grande foi autorizada a seguir sua carreira de estrela pop, ela foi forçada a recusar papéis no cinema.

Ela também se interessou pela música, lançando seu primeiro single, intitulado So Close (“Tão Perto”), em 2009, seguido pelos EPs Not That Far Away (“Não Muito Longe”) e Jennette McCurdy, em 2010 e 2012, respectivamente, e um álbum auto-intitulado em 2012.

Em 2017, ela desistiu de atuar e decidiu se concentrar em sua carreira como roteirista e diretora. Hoje, com a publicação de suas memórias, ela diz que se sente em paz.

Em entrevista ao site The Hollywood Reporter, quando questionada sobre o que diria a si mesma mais jovem ou o que gostaria de ouvir naqueles tempos, disse:

“Eu teria me dito: ‘Você vai ficar bem, garota. Você será capaz de realizar seu sonho de escrever e dirigir. Continue trabalhando duro e você chegará lá.’ Minha vida é melhor agora do que nunca”.

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