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sexta-feira, 22 novembro, 2024

Professora se nega a retirar câmeras de casa e é morta junto com o cachorro

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Fonte: Correio

A escalada da violência no Cabo de Santo Agostinho (PE) fez mais uma vítima neste domingo (5). A professora aposentada Edna de Souza Fonseca, 63 anos, foi assassinada perto de casa quando saiu para passear com seu cachorro, um poodle. Nem o animal escapou da ação violenta e foi baleado junto com a dona. 

O homicídio aconteceu por volta das 7h. A professora saiu da Rua Aurora onde morava e foi seguida por dois homens a pé. Os disparos aconteceram na rua ao lado da dela, Coronel José Cisneiros, a 200 metros de distância do Batalhão da Polícia Militar no local. A professora foi baleada no rosto e o cachorro no tórax. 

Segundo testemunhas, há um mês os traficantes tinham exigido que ela tirasse as câmeras de segurança da sua casa, que estaria atrapalhando a movimentação do grupo no local. Outros vizinhos teriam obedecido a ordem, mas ela manteve os quatro equipamentos de segurança funcionando.  

O assassinato promoveu comoção, porque Edna era muito querida na comunidade. Ela foi professora da rede municipal e diretora de escola, contribuindo para formar várias gerações de alunos. O caso volta a chamar atenção para o avanço do crime no Cabo de Santo Agostinho, que vem sendo acompanhado pela polícia, Prefeitura e Ministério Público, mas continua fazendo vítimas. 

Território de medo

O avanço da criminalidade no Cabo de Santo Agostinho não é um movimento recente. Ganhou fôlego com a implantação da Refinaria Abreu e Lima, da Petrobras, e dos estaleiros, quando mais de 42 mil homens trabalharam no pico das obras. Dinheiro circulando e gente de todo o Brasil vivendo na cidade favoreceu a explosão do tráfico de drogas. Mesmo com o fim das obras ö negócio” se consolidou e se expandiu. Hoje facções criminosas disputam o domínio dos territórios protagonizam a violência. 

O Cabo de Santo Agostinho está no Top 3 do ranking de crimes violentos letais em Pernambuco, atrás apenas do Recife e de Jaboatão dos Guararapes, com populações bem maiores. Pelos dados da Secretaria de Defesa Social (SDS) do Estado, o município registrou um aumento de quase 40% entre janeiro e abril de 2022, na comparação com o ano passado, saltando de 51 para 70 assassinatos no período. Se continuar neste ritmo, vai ultrapassar bastante os 178 assassinatos de 2021. 

Outa informação da SDS que chama atenção é a idade das vítimas. Quase 65% são jovens de 18 a 29 anos, o que alerta para a necessidade de reforçar políticas de prevenção, como empregabilidade ou descentralizar equipamentos como o Compaz, para tirar os jovens da situação de vulnerabilidade e evitar mais mortes. 

Impactos econômicos 

A violência também traz consequências para a economia. O Cabo de Santo Agostinho é um importante Polo Turístico e Industrial para Pernambuco. As indústrias do Complexo de Suape estão no município, assim como várias praias do Litoral Sul. Mesmo Porto de Galinhas pertencendo à vizinha Ipojuca, a violência reverbera por lá. O assassinato da menina de 6 anos, Heloísa Gabrielly, vítima de uma troca de tiros da polícia com traficantes revoltou a população. A criança brincava no terraço da casa da avó quando foi atingida. 

A morte provocou revolta e transformou Porto em cenário de guerra, com atos de vandalismo no balneário. Como era de se esperar, os turistas sumiram de Porto de Galinhas e também das praias vizinhas, trazendo prejuízo à atividade. 

Solução 

A morte da professora Edna traz de volta o questionamento sobre a atuação do Estado no combate ao crime no Cabo de Santo Agostinho. Em março, numa audiência coordenada pelo promotor de Justiça Rinaldo Jorge, foram definidas medidas que seriam aplicadas pela polícia, prefeitura e do próprio Ministério Público para combater aos crimes no Cabo de Santo Agostinho. Do lado da Prefeitura, a gestão adianta que o município será inserido no Portal CidadeSusp, iniciativa do Ministério da Justiça e Segurança Pública para orientar todas as ações da prefeitura, não só na área de segurança mas também da prevenção. Mas até agora o que se percebe é a violência persistir. 

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