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sexta-feira, 19 abril, 2024

Menos de 50% das crianças não tomaram a vacina contra a covid-19

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Há seis meses, a Anvisa autorizou a imunização das crianças de 5 a 11 anos. De lá para cá, quase 40% dessa parcela da população não tomou nenhuma dose da vacina, segundo dados do Ministério da Saúde. Ou seja, cerca de 7,5 milhões de meninos e meninas dessa faixa etária estão completamente desprotegidos.

Na outra ponta, ou seja, ao olhar para o índice dos que foram totalmente vacinados também dá a medida do fracasso: apenas 38% dessas crianças estão com as duas doses de proteção contra a covid. Entre as crianças indígenas, a taxa é ainda pior: apenas 24% estão com a imunização completa, segundo a Secretaria de Saúde Indígena.

Este baixo índice de vacinação infantil contra a covid lança dúvidas também sobre o desempenho da próxima etapa da campanha, que deve mirar na faixa etária mais nova, entre 6 meses e 4 anos. 

Só em 2022 já morreram 395 crianças de 0 a 11 anos de covid, segundo o ministério. A proporção de mortes é semelhante à dos anos anteriores, quando o imunizante ainda não estava disponível. Em todo ano passado, foram 772 óbitos e, em 2020, 738 vítimas.

“Nós não podemos achar normal perder 50 vidas, cem vidas, para uma doença para a qual já existe vacina”, diz Maria Claudia Matos, pediatra infectologista do Hospital Universitário da UFBA (Universidade Federal da Bahia).

O fracasso da vacinação infantil se explica pelo fato da maioria apresentar falhas das campanhas oficiais de comunicação do governo e nos posicionamentos antivacina do Ministério da Saúde e do presidente.

“Houve uma campanha contra [a vacina], com presidente que não vacina sua filha, e ministro que tenta passar lei que obrigue a prescrição médica para vacinar”, diz Renato Kfouri, pediatra infectologista e presidente do departamento de imunizações da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria). “Os pais sempre protegem seus filhos e ficam em segundo plano, mas, pela primeira vez na história das vacinas, os pais vacinados não quiseram proteger seus filhos”, completa.

Procurada pela reportagem, o Ministério da Saúde negou atrasos e problemas na vacinação infantil e disse que já distribuiu mais de 27 milhões de doses para crianças e adolescentes de 6 a 17 anos (leia mais abaixo).

Atraso

Embora a vacinação das crianças tenha sido liberada após a aprovação do imunizante pediátrico da Pfizer pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em 16 de dezembro de 2021, o Ministério da Saúde demorou quase um mês para incluir o grupo no plano de vacinação contra a covid, um atraso que ajudou a gerar insegurança quanto à imunização para essa faixa etária.

Especialistas afirmam que a hesitação do governo federal em iniciar rapidamente a vacinação, assim como declarações oficiais de autoridades contra os imunizantes, minou a confiança dos pais logo no início da campanha.

Entre as críticas está a dúvida quanto à segurança dos imunizantes e a exigência da vacinação. Em dezembro, o presidente Bolsonaro ameaçou expor os funcionários da Anvisa responsáveis por aprovar a vacina e, dias depois, afirmou que a própria filha, de 11 anos, não seria vacinada.

Além disso, o Ministério da Saúde realizou uma consulta pública antes da campanha, o que atrasou o início da vacinação. Para piorar, a pasta divulgou que a imunização não seria obrigatória – embora o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) define que “é obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias”. 

“Isso tudo só aumentou a desconfiança da população na vacina”, diz Kfouri. 

Após a aprovação do imunizante da Pfizer, a Anvisa autorizou o uso emergencial da CoronaVac, fabricada pelo Instituto Butantan, para crianças e adolescentes de 6 a 17 anos. Mesmo assim, a vacinação não decolou. (UOL)

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