Não adianta haver tantas leis que, em tese, defendem o mais fraco. No caso, nós, povo, consumidores. Ninguém respeita. E muitos abusam. Até hoje as empresas do maldito telemarketing não usam o prefixo 0303 em suas ligações, embora sejam obrigadas. Algumas antecipam possíveis calotes, lembrando constantemente o dia em que as contas vencem. Casos da CPFL e Comgas.
Quem tinha uma mísera conta vencendo na segunda-feira, dia 9, recebeu no dia 8, domingo, Dia das Mães, um SMS da Comgas avisando que a conta iria vencer no dia seguinte. Conta de R$ 12. Que para a Comgas deve fazer uma falta danada. A CPFL costuma fazer a mesma coisa.
Em lojas e supermercados agora são comuns os cartazes de ofertas, com um procedimento antes adotado somente no balcão de frios. Nesse balcão a prática até seria justificada, mas isso se tornou praga. Está lá no cartaz: “Castanha – R$ 9,90” em letras gigantes. E embaixo, em letras quase invisíveis, o complemento: “cada 100 gramas”.
Quem tem mais de 20 anos deve se lembrar que antes a banana e a laranja eram vendidas por dúzia. Hoje são vendidas por quilo. Uma forma de induzir o consumidor a comprar mais. Nada do que oferecem é de graça – quem vende sempre quer ter alguma vantagem, um lucro a mais.
Para os supermercados, tudo é custo. O saco plástico onde você coloca as batatas está sendo cobrado. Se de cada 100 potes de iogurte um é violado, seu custo é rateado entre os 99 restantes. A bandeja de carne que o sujeito retirou da geladeira, mas deixou no caixa por arrependimento vai voltar para a geladeira. Nem que seja horas e horas depois.
Quem deveria fiscalizar e coibir essas práticas enganosas não se mexe. Quando o Procon multa alguma empresa, todos continuam tranquilos. Raramente é paga alguma multa do Procon. Vai para o esquecimento, para a gaveta dos adormecidos.
E aí, quando alguém perde a paciência e reclama, dizem que o sujeito é mal educado, grosso, impaciente, egoísta e outros adjetivos menos recomendáveis. Não é nada disso. Esse sujeito que reclama e perde a paciência só está dizendo que não é otário.
Anselmo Brombal – Jornalista