A síndrome alfa-gal (SAG) é uma condição rara cuja origem é tão curiosa como a própria doença: ela vem da mordida de carrapatos — no Brasil, o Amblyomma sculptun, nos Estados Unidos, o A. americanum, e na Europa, o Ixodes ricinus. Após a exposição à saliva do aracnídeo, o indivíduo desenvolve intolerância a certos tipos de carne, que passam a causar uma reação alérgica mediante consumo.
A SAG também é conhecida como alergia à carne vermelha, já que os sintomas são sentidos ao consumi-la, mas também ocorrem no consumo de vísceras de mamíferos não primatas, como caprinos, bovinos e suínos. O oligossacarídeo (molécula de açúcar) galactose-α-1,3-galactose, ou alfa-gal, não está presente em peixes, répteis e pássaros, então seu consumo é seguro aos portadores de SAG.
Sintomas
Ao ser mordido por algum dos carrapatos causadores da doença, o ser humano começa a sentir os sintomas da síndrome cerca de duas horas após o consumo de carne vermelha. São eles:
- Tosse;
- Náusea;
- Vômitos;
- Urticária;
- Angioedema, ou inchaço;
- Dificuldade para respirar;
- Queda na pressão sanguínea.
A severidade dos sintomas muda de acordo com a pessoa, então pode ser que eles se apresentem de forma mais leve ou cheguem a ser ameaças à saúde, causando até mesmo anafilaxia. Nem toda exposição ao alfa-gal, nota-se, necessariamente será um gatilho para os sintomas da SAG, mas eles podem acabar surgindo no consumo de leite, carne e gelatina.
O que causa a síndrome alfa-gal?
Já falamos de algumas espécies de carrapatos e sua culpa na SAG, mas há a possibilidade de outras espécies do animal poderem causar a condição. Para garantir, é melhor evitar o contato com todos os tipos de carrapato. Acredita-se que a saliva do bicho seja a responsável pelo desenvolvimento da SAG, já que contém proteínas cheias de moléculas de açúcar alfa-gal.
Isso causa uma hipersensibilidade do anticorpo imunoglobulina E (IgE) ao açúcar, então a exposição a alfa-gal causa reações alérgicas em contatos futuros com a substância, da mesma forma que uma pessoa alérgica a nozes reage quando come um amendoim, por exemplo.
Avanços medicinais
Companhias de biotecnologia, como a Revivicor, vêm trabalhando para criar carne sem alfa-gal, por exemplo, modificando porcos geneticamente para não terem a substância na proteína da carne. E esse não é o único benefício da tecnologia: a alfa-gal também gera rejeição de órgãos em humanos, então removê-la torna transplantes entre porcos e humanos possível. Lembra do paciente que recebeu um coração suíno este ano? Pois é, a tecnologia esteve presente na cirurgia.
Até o momento, a Revivicor tem enviado amostras grátis de bacon, presunto e bisteca suína para portadores da SAG, e planos para futura encomenda da carne para consumo ainda estão em vista. Para quem tem a síndrome, o melhor a fazer por agora é ficar de olho na dieta, eliminando tudo o que causar intolerância. Caso você suspeite de algum sintoma, procure o seu médico para fazer testagens de alergia.