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sexta-feira, 22 novembro, 2024

Picada de carrapato pode te deixar alérgico a carne; entenda

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A síndrome alfa-gal (SAG) é uma condição rara cuja origem é tão curiosa como a própria doença: ela vem da mordida de carrapatos — no Brasil, o Amblyomma sculptun, nos Estados Unidos, o A. americanum, e na Europa, o Ixodes ricinus. Após a exposição à saliva do aracnídeo, o indivíduo desenvolve intolerância a certos tipos de carne, que passam a causar uma reação alérgica mediante consumo.

A SAG também é conhecida como alergia à carne vermelha, já que os sintomas são sentidos ao consumi-la, mas também ocorrem no consumo de vísceras de mamíferos não primatas, como caprinos, bovinos e suínos. O oligossacarídeo (molécula de açúcar) galactose-α-1,3-galactose, ou alfa-gal, não está presente em peixes, répteis e pássaros, então seu consumo é seguro aos portadores de SAG.

Sintomas

Ao ser mordido por algum dos carrapatos causadores da doença, o ser humano começa a sentir os sintomas da síndrome cerca de duas horas após o consumo de carne vermelha. São eles:

  • Tosse;
  • Náusea;
  • Vômitos;
  • Urticária;
  • Angioedema, ou inchaço;
  • Dificuldade para respirar;
  • Queda na pressão sanguínea.

A severidade dos sintomas muda de acordo com a pessoa, então pode ser que eles se apresentem de forma mais leve ou cheguem a ser ameaças à saúde, causando até mesmo anafilaxia. Nem toda exposição ao alfa-gal, nota-se, necessariamente será um gatilho para os sintomas da SAG, mas eles podem acabar surgindo no consumo de leite, carne e gelatina.

O que causa a síndrome alfa-gal?

Já falamos de algumas espécies de carrapatos e sua culpa na SAG, mas há a possibilidade de outras espécies do animal poderem causar a condição. Para garantir, é melhor evitar o contato com todos os tipos de carrapato. Acredita-se que a saliva do bicho seja a responsável pelo desenvolvimento da SAG, já que contém proteínas cheias de moléculas de açúcar alfa-gal.

Isso causa uma hipersensibilidade do anticorpo imunoglobulina E (IgE) ao açúcar, então a exposição a alfa-gal causa reações alérgicas em contatos futuros com a substância, da mesma forma que uma pessoa alérgica a nozes reage quando come um amendoim, por exemplo.

Avanços medicinais

Companhias de biotecnologia, como a Revivicor, vêm trabalhando para criar carne sem alfa-gal, por exemplo, modificando porcos geneticamente para não terem a substância na proteína da carne. E esse não é o único benefício da tecnologia: a alfa-gal também gera rejeição de órgãos em humanos, então removê-la torna transplantes entre porcos e humanos possível. Lembra do paciente que recebeu um coração suíno este ano? Pois é, a tecnologia esteve presente na cirurgia.

Até o momento, a Revivicor tem enviado amostras grátis de bacon, presunto e bisteca suína para portadores da SAG, e planos para futura encomenda da carne para consumo ainda estão em vista. Para quem tem a síndrome, o melhor a fazer por agora é ficar de olho na dieta, eliminando tudo o que causar intolerância. Caso você suspeite de algum sintoma, procure o seu médico para fazer testagens de alergia.

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