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quarta-feira, 24 abril, 2024

Só é bom quando funciona

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Agora o mundo é digital. Tudo é digital. Carteira de Trabalho, Título de Eleitor, Certificado de Vacinação, Carteira de Motorista. Nada é de papel, como se o papel fosse culpado das mazelas do mundo. Bancos não mais enviam extratos aos clientes. Quem quiser, que consulte pelo aplicativo, que nem aplicativo se chama. É App. Ninguém mais escreve cartas. Para isso existe o e-mail. Ninguém mais manda bilhete. Para isso existe o WhatsApp. E tem o Facebook, onde dá para saber da vida de meio mundo e se for o caso, ainda produzir intrigas e fofocas.

Isso é bom? Depende. Quando funciona é bom, mas quando o tal sistema falha todo mundo fica na mão. O Banco Central, por exemplo, anunciou e divulgou o site Registrato. Nele, a pessoa pode consultar se tem algum dinheiro esquecido em bancos. O Banco Central é sábio. Conhecendo os bancos, sabe que jamais avisarão alguém que há dinheiro para ser sacado. Mas falhou tão logo foi “inaugurado”. Tanta gente consultando que o site caiu. Agora o BC já vai colocar outro site, ou melhor, outra plataforma para o povo buscar dinheiro esquecido.

Esse mundo digital está produzindo uma legião de idiotas. Um picareta qualquer se lança como “influencer” e logo tem milhões de seguidores. Seguidores que perdem tempo ouvindo as asneiras que o inútil diz a toda hora. E ainda dizem que a Internet é o que há nos dias atuais. Pode até ser. Mas vamos conferir algumas estatísticas.

Dentre os milhões de sites existentes, os mais procurados (ou acessados) são os ligados à pornografia. XVideos, Red Tube, Pornhub lideram a procura. Mas há outros preferidos pelos onanistas. Only Fans, por exemplo. Site que a mulherada tira a roupa, faz sexo, fala um monte de bobagem… e quem vê isso precisa pagar. Tem mulher ficando rica com isso.

Sites sérios, para pesquisas profissionais ou escolares, não estão entre os mais procurados. Perdem até para plataformas como o Tinder. O Tinder se apresenta como site de namoro. Não é. É pura putaria. Quem acessa o Tinder, na maioria das vezes está procurando sexo fácil. Tanto homens quanto mulheres. Em termos de frequência, dá de lavada nos já ultrapassados chats de bate-papo, outrora modernidade.

E quando alguma dessas geringonças deixam de funcionar? Aí sim bate a saudade da velha carta colocada nos Correios. Da fotografia impressa em papel e guardada em álbuns. Do extrato bancário enviado ao cliente no fim do mês. Do talão de cheques. Da consulta ao saldo no balcão do banco – isso no tempo em que os bancos gostavam de clientes. Dos livros lidos com avidez, fossem quais fossem o gênero. E até da velha máquina de escrever.

Nem vamos lembrar de outras modernidades, como a calculadora, usada por algumas balconistas quando precisam calcular o desconto de 10% sobre uma compra de R$ 100. Nem das charmosas canetas Parker 21 ou 51, carregadas de tinta “azul real lavável”. Nem dos carimbos adorados pelos burocratas, que carimbavam sem saber o porquê. Mas carimbavam. Quanto mais carimbos o sujeito tinha sobre sua mesa mais importante ele era.

Agora é digital. Autenticação é digital. Processo judiciário é digital. Reunião é teleconferência. Celular serve pra tudo, menos pra telefonar. É muita tecnologia, já temida por Albert Einstein há décadas, quando perguntado como seria a 3ª Guerra Mundial. Respondeu: A terceira não sei, mas a quarta vai ser a pau e pedra. Faz sentido.

E agora vou apontar meu lápis. Não com apontador. Com gilete.

Anselmo Brombal – Jornalista

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