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quinta-feira, 18 abril, 2024

O Paraíso é aqui

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Muita gente reclama de tudo, mas a verdade é que estamos vivendo num verdadeiro Paraíso. Para ser Paraíso bíblico não faltam mulher sem roupa e serpente. Mas não temos mais problemas. Pelo menos é isso que concluímos quando lemos jornais e revistas ou vemos televisão. Vamos lá.

O clima é de oração contínua. E Deus retribui com milagres no atacado. Isso é o que mostram os canais de TV, que se esmeram em apresentar cultos, pregações, missas e outros quetais. Todas as religiões estão bem representadas na TV. Até a inabalável Globo se rendeu e mostra, nas manhãs de domingo, a missa do padre Marcelo. Os católicos podem ainda contar com canais como Canção Nova, TV Aparecida, TV Pai Eterno. Todos exclusivos.

Evangélicos estão em todos os canais onde tenha horário disponível. Quem domina o mercado é a Igreja Universal. Mas a Mundial também marca presença, assim como a Plenitude. Então, em termos de fé e de agradecimento ao Criador, estamos bem. Não precisamos temer o inferno.

Nas ruas não há mais pedintes ou mendigos. Agora só temos “moradores em situação de rua”. Falta algum jornalista solerte criar uma sigla para isso. Vamos ajudar: MSR (Moradores em Situação de Rua). E é uma pena que muitos não tenham perdido o velho costume de extorquir as pessoas. Extorsão é o termo mais apropriado. Há ainda os mal educados ao extremo, e há também os que querem saber somente de cigarro e cachaça.

Também não temos mais bandidos, como assaltantes, estupradores, assassinos, ladrões, traficantes,  sequestradores… A imprensa aboliu a bandidagem. Agora todos são apenas suspeitos de possíveis crimes. O fascínora, meliante, marginal e não se sabe mais o que é preso em flagrante, cometendo seu crime. Na TV e nos jornais ele é tratado como suspeito. E o crime se torna “possível crime”.

A conclusão de tudo isso é uma só: juntar matemática com língua portuguesa resolve os problemas. Mendigo, arruaceiro, paraqueda, agora é MSR. Pronto, a estatística da mendicância está zerada. Milagre da matemática. Marginal, fascínora, meliante, também não existe mais. Outra estatística zerada, uma vez que se tornaram suspeitos.

E a espiritualidade e a religiosidade ficam em alta. Praticamente 100% do povo não tem mais contas a acertar com o Senhor. O capeta ficou sem cliente. Outra estatística favorável. Tudo isso é bonito. Chato mesmo é ter seu carro ou celular roubado; ter sua casa visitada pelos “suspeitos” enquanto você viaja; enfrentar, diariamente, cachaceiros e arruaceiros exigindo que você pague uma marmita ou dê dinheiro para a canjibrina. Mas logo a gente acha uma solução. Ou uma estatística.

Anselmo Brombal – Jornalista

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