Desde que a Prefeitura comprou a área da antiga Fepasa, na avenida dos Ferroviários, ela foi nomeada como Complexo Fepasa. Lá se instalaram um museu, a Fatec, o Poupatempo (na realidade Perdetempo)e Cultura. Também lá estão a Guarda Municipal e a sede dos fiscais de trânsito (aqueles que multam até bicicletas).
Mas faltou justiça à denominação. Por que Fepasa?
Se olharmos para a história de Jundiaí, temos um contraste enorme entre Companhia Paulista de Estradas de Ferro e a Ferrovias Paulistas SA que a sucedeu. A Paulista, que começou a funcionar em 1872, trouxe para a cidade somente progresso e benfeitorias. Era uma empresa particular, sem o bedelho do governo. Seus trens andavam no horário, eram limpos e confortáveis. Havia até carro dormitório e carro restaurante. Suas estações, um primor.
A Paulista conseguiu até trazer para Jundiaí o Senai ferroviário, com a finalidade de formar sua mão-de-obra. Construiu casas para seus funcionários (Vila Municipal). Da empresa surgiram o Paulista Futebol Clube, o Grêmio, o Gabinete de Leitura Ruy Barbosa, a Associação Esportiva Jundiaiense. Aos seus funcionários, oferecia uma cooperativa, onde se vendia de tudo. Era um exemplo.
Mas, em novembro de 1971, o governo meteu seu bedelho e inventou a Fepasa, tomando todas as ferrovias (Paulista, Araraquarense, Sorocabana, Mogiana e outras) de seus donos. Foi o começo da grande merda que todos conhecemos. As ferrovias foram sucateadas, uma vez que havia interesse dos governos (e isso desde Juscelino) em favorecer a indústria automobilística.
Comparando: a Paulista trouxe progresso, desenvolvimento, milhares de empregos e muitos benefícios. A Fepasa representa a desgraça, o atraso, o fim de uma era. Até que foi privatizada e virou pó. No bom sentido.
Por uma questão de justiça, o tal complexo deveria ser renomeado, e não mais se chamar Fepasa. O justo é Complexo Paulista. Como o prédio é da Prefeitura, basta o prefeito ou algum vereador fazer essa proposta, oficialmente, e torná-la lei. Não é saudosismo. É questão de justiça.
ANSELMO BROMBAL – Jornalista