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sexta-feira, 19 abril, 2024

Os exagerados de sempre

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Passada toda a comoção da morte da cantora Marília Mendonça, cabe agora colocar os fatos e méritos em seus devidos lugares. Tão logo ela morreu, as Tvs exibiram seus especiais – o que era de se esperar. Alguns colunistas de sites e jornais exageraram na dose de puxa-saquismo, afirmando absurdos sobre a cantora. Que foi ela que abriu as portas para as cantoras do sertanejo, que ela criou o “feminejo” e por aí vai. Não que ela não tivesse seu valor, mas a história é outra.

Em 1950, por exemplo, Inezita Barroso gravou Moda de Pinga, e alternava suas apresentações com viola na Rádio Bandeirantes e no Teatro Brasileiro de Comédia. Até morrer, em março de 2015, manteve um programa durante 35 anos – Viola, minha Viola – na TV Cultura de São Paulo. E mais: Inezita, além de cantora, era também folclorista e atriz. Se alguém abriu as portas para as mulheres no mundo sertanejo, só pode ter sido Inezita.

As Irmãs Galvão (Meire e Marilene) iniciaram a dupla de viola em 1947. Só desfizeram a parceria em junho deste ano, por estar uma delas (Marilene) com Mal de Alzheimer. Meire, nascida em 1940, tocava sanfona, e Marilene, nascida em 1942, viola.

A mineira Paula Fernandes é mais nova, mas também começou cantar cedo, aos oito anos. Aos dez lançou seu primeiro disco. Depois trabalhou em companhia de rodeio, até estourar no Brasil inteiro com o CD Ana Rayo. Depois disso, Paula emplacou mais de 20 sucessos com músicas para trilhas de novelas.

Sula Miranda é outra do ramo. Começou com integrante do grupo As Melindrosas, e em 1986 resolveu seguir carreira solo, ingressando no ramo sertanejo. No auge da carreira, Sula fazia mais de 30 shows por mês, descolando sua imagem da irmã, a também cantora Gretchen. Seus shows tinham público nunca inferior a 30 mil pessoas.

Inhana, que fazia dupla com Cascatinha, é dos anos 1940. Curiosidade: Francisco dos Santos é o Cascatinha e marido de Ana Eufrosina, a Inhana. Em 1952 alcançaram sucesso com duas músicas – Índia e Meu Primeiro Amor.

Bruna Viola nasceu em 1993. No mundo do sertanejo é uma estrela e desde criança, em Mato Grosso, tinha contato com a viola. Seu bisavô Publio Villas Bôas (com parentesco com os irmãos Villas Boas, célebres sertanistas e indianistas) tinha o costume de receber em sua fazenda o violeiro Tião Carreiro. Seu avô Benedito Villas Bôas relembrava sempre o dia em que participou de uma roda de violeiros com a presença de Inezita Barroso, numa fazenda em Mato Grosso.

Marília Mendonça é bem mais nova – nasceu em 1995. Somente em 2016 é que os chamados “críticos”, os “entendidos” em tudo, inventaram o feminejo e colocaram Marília como protagonista. Os mais puxa-sacos dizem que ela liderou uma revolta feminina. Outra bogagem. Mais justiça, por favor.

ANSELMO BROMBAL

Jornalista

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