Relatório da GEM, elaborado pelo Sebrae em parceria com o IBPQ, mostra que as empreendedoras atuam mais nos segmentos de alimentação, beleza e vestuário
Quando o assunto é empreendedorismo, as mulheres ainda atuam em um universo de atividades mais restrito que os homens. De acordo com o relatório da Global Entrepreneurship Monitor (GEM) de 2020, produzido pelo Sebrae em parceria com o Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBPQ) e considerada a maior pesquisa de empreendedorismo do mundo, mais da metade das empreendedoras iniciais, aquelas com empreendimento de no máximo 3,5 anos, ou seja, quase 60%, atuam em apenas seis atividades. Já entre os homens, o número das principais atividades sobe para 14, mais do que o dobro.
“A questão cultural ainda afeta muito o empreendedorismo feminino. A sociedade acaba colocando barreiras adicionais para as mulheres expandirem sua presença para outras atividades além das culturalmente aceitas, como alimentação e beleza. Trabalhamos para mudar esse cenário e destravar o potencial empreendedor das mulheres em todos os setores”, comenta o presidente do Sebrae, Carlos Melles.
Ele observa que os serviços de alimentação foram as atividades com os maiores percentuais entre os empreendedores iniciais independentemente do sexo, mas que a participação feminina é notadamente maior. “Ao somar ‘restaurantes e outros estabelecimentos de serviços de alimentação e bebidas’ com ‘serviços de catering, bufê e outros serviços de comida preparada’, vemos que essas duas atividades reuniam cerca de 13% dos homens e cerca de 24% das mulheres”, destaca Melles. “Outro exemplo pode ser encontrado no segmento de ‘cabeleireiros e outras atividades de tratamento de beleza’, bem como no ‘comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios’, onde a concentração de mulheres fica em torno de 10% em cada atividade, 10,6% e 10,5% – respectivamente – acima da participação masculina”, acrescenta.
Entre as seis atividades mais escolhidas pelas mulheres ainda estão as de confecção de peças de vestuário, exceto roupas íntimas (7,3%) e a de comércio varejista de cosméticos, produtos de perfumaria e de higiene pessoal (4,7%). Ambas aparecem apenas nos grupos das empreendedoras. Os homens apresentam uma forte atuação em atividades ligadas à construção civil, como construção de edifícios (4,6%), obras de acabamento (2,8%), serviços especializados para a construção (2,7%), atividades paisagísticas (2,5%) e instalações elétricas (1,9%), akém das atividades relacionadas ao transporte e manutenção de veículos.
Além das mulheres terem um universo menor de atividades em que atuam predominantemente, elas também são as que mais empreendem por necessidade. De acordo com o relatório da GEM, quase 55% delas tiveram que ir para o caminho do empreendedorismo por não encontrar outro meio para ter uma renda. Entre os homens, o empreendedorismo por necessidade aparece em 46% dos casos. “Os empreendedores do gênero masculino conseguem obter mais oportunidades para iniciar um negócio no Brasil do que as mulheres, o que pode ser demonstrado também pela maior diversificação das atividades em que atuam. Sabemos que isso é fruto de desigualdades históricas que atingem a mulher no mercado e trabalhamos para equilibrar esse cenário com programas como o Sebrae Delas”, conclui o presidente do Sebrae.