Eu gosto de faroestes. Gosto mesmo. E chegou nessa última quarta-feira (3) ao catálogo da Netflix o western “Vingança e Castigo” com um elenco absolutamente estelar. Coisa fina mesmo! Se liga nos nomes: Idris Elba (O Esquadrão Suicida), Regina King (Watchmen), Jonathan Majors (Lovecraft Country), Zazie Beetz (Coringa, Deadpool 2), Lakeith Stanfield (Judas e o Messias Negro), Delroy Lindo (Destacamento Blood) e por ai vai! Eu simplesmente pirei quando vi o trailer há algumas semanas e até comentei com os mais chegados: “Esse filme está simplesmente proibido de ser ruim!” e olha, fazia muito tempo que eu não acertava na mosca assim, como um verdadeiro e habilidoso pistoleiro (com o perdão do trocadilho).
A trama do filme (que basicamente funciona como uma grande homenagem ao gênero western, fazendo um belo recorte de vários clichês que funcionam) o “fora-da-lei bonzinho” (um ladrão que rouba ladrões) chamado Nat Love (Jonathan Majors) está querendo vingança pela morte de seus pais quando ele apenas era uma criança e reune seu antigo bando (e sua antiga amante, vivida por Zazie Beetz) para partir no encalço de acabar com a raça do impiedoso Rufus Buck (Idris Elba), um criminoso absolutamente impiedoso que acabou de escapar da prisão, com a ajuda de seu antigo bando também. A trama é simples, as cartas estão na mesa do saloon. Recarreguem suas pistolas e vamos lá.
A habilidosa direção fica por conta do “novato” Jeymes Samuel (que já trabalhou com Jay-Z), também conhecido pelo nome artístico de “The Bullitts”: é um cantor e compositor britânico, produtor musical e cineasta de Londres, Inglaterra (e que só escalou protagonistas negros, feito ele próprio, para esse filme), que só havia dirigido um media-metragem (com 51 minutos de duração) em sua breve carreira iniciada no cinema (justamente com um outro faroeste, “They Die by Dawn” de 2013, com Rosário Dawson e Giancarlo Esposito no elenco) e que aqui mostra que tem pleno domínio de seus poderes. Achei a condução do longa, assim como a maravilhosa fotografia, absolutamente impecáveis, sem exagero. As atuações aqui estão inspiradíssimas (principalmente nas surpresas que o filme ainda guarda para o seu clímax). Jonathan Marjors e Idris Elba aqui entregam todo o trabalho que lhes cabe. Com louvor, alias.
Se o filme não vem com um enredo altamente complexo e inventivo, o mesmo não dá pra dizer da narrativa, principalmente visual: existem frames que daria para imprimir e colocar em um quadro. Achei as cores da cenografia empolgantes também. Em dado momento, os protagonistas dizem que precisam realizar um trabalho em “uma cidade dos brancos” e diferentes das casas e bares coloridos que vemos ao longo do filme todo, na cidade dos brancos, até as casas e comércios são brancos, inclusive. Achei a tirada genial. A direção do filme como um todo é muito caprichosa e criativa, um deleite para os olhos.
E o que dizer da trilha sonora do longa? Com musicas extremamente empolgantes, passando pelo rap, hip-hop e até o reggae, senti uma leve inspiração principalmente em “Django Livre” do Quentin Tarantino (que ousou dessa mesma forma, saindo um pouco do clima de faroeste típico), o que na minha opinião é algo absolutamente certeiro: já que é pra revisitar um gênero que foi utilizado até a exaustão pelo cinema hollywoodiano por muitas décadas, porque não fazer isso com estilo e a atualização merecida, certo? Achei todas as escolhas e decisões que o filme tomou acertadíssimas. De fato, foi uma grata surpresa.
“Vingança e Castigo” tem um excelente ritmo, ótimo elenco e atuações, fotografia e direção magistrais, trilha sonora empolgante e merece sim toda a sua atenção e merece ser conferido o mais depressa possível. Um faroeste absolutamente espetacular.
Nota 10!
Felipe Gonçalves é produtor de conteúdo e apresentador no canal Sessão Set