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terça-feira, 23 abril, 2024

Formação para mal educados

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No mundo todo existem cursos de boas maneiras, etiqueta, comportamento social e afins. São cursos que aprimoram o conhecimento e permitem que seus formandos ajam como manda o figurino em todas as ocasiões. Isso no mundo. Aqui em nosso país, pelo jeito temos um curso que forma pessoas mal educadas, grossas, inconvenientes, chatas. E de graça. Basta o interessado ter telefone que o curso vai até ele. É um curso dissimulado, com aulas em dias e horários imprevisíveis.

Empresas de telemarketing são as formadoras dos mal educados. O currículo é simples: ligar em qualquer dia e qualquer hora; se a ligação for atendida, despejar o script; como as empresas usam robôs para as ligações, a atendente dá sua aula ao primeiro que atender – os demais que estavam na lista dos robôs têm a ligação derrubada.

Embora haja limites – se não por lei, pelo menos pelo bom senso – as aulas podem chegar aos sábados, domingos, feriados, não importa a hora. Há casos de ligações (aulas de má educação) recebidas tarde da noite e no domingo à tarde. Pelo que transparece, há um esforço muito grande para se formar novos mal educados.

Uma das aulas – a de petulância – é quando o sujeito atende o telefone e a mocinha do telemarketing já pergunta: Estou falando com fulano de tal? O sujeito confirma. E ela continua: O senhor pode confirmar seu nome completo, número do CPF e RG? Questionada pelo sujeito, ele afirma que é do banco tal. Não é golpe, mas se um banco está ligando, tem o nome, tem tudo sobre o sujeito. Nâo precisa confirmar. Mas ela insiste, até o sujeito perder a paciência.

Outra aula é a da inconveniência. Ninguém pergunta se o sujeito pode falar naquele momento. Pode estar almoçando, pode estar dirigindo, mas a mocinha do telemarketing despeja seu falatório. Se desligar é pior, porque aí ela vai insistir, até torrar a paciência do infeliz.

E as aulas variam e se multiplicam indefinidamente. Não há prazo para terminar esse curso. Embora haja mecanismos para evitar essas aulas, nada funciona. As empresas de telemarketing têm números e mais números de telefones para suas ligações. Não adianta bloquear um, que logo outro aparece para torrar a paciência. Na semana passada, por exemplo, um sujeito bloqueou ligações de 28 números. Até a quinta-feira. Na sexta recebeu ligação da mesma empresa, de outro número.

Um conhecido adotou outra postura. Em vez de esbravejar, faz o que se chama de engenharia reversa. Atende o telefone, todo educado, e em vez de dar informações pedidas pela mocinha, passa a cantá-la. Elogia a voz, pergunta como é o corpo, e por fim se ela está disponível para um programa. A mocinha sempre faz o alerta: Senhor, está ligação está sendo gravada. Melhor ainda, diz ele. E continua sua cantada barata, até que a mocinha desiste.

Essa “engenharia reserva” porém, produz dois riscos. Entre as funcionárias do telemarketing há comentários, e quem já foi cantada passa o número para outra – liga pra esse cara pra você ver a cantada que ele dá. Não deixa de ser uma diversão para elas. Outra é o risco delas entrarem nessa cantada. Aí não vai dar conta. Pelo menos Pfizer vai vender muito Viagra. E sem precisar de telemarketing.

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