Diversas organizações estão denunciando que os casos de assédio a mulheres estão aumentando. E muito. Principalmente no transporte coletivo. E tome pesquisa: 97% das usuárias dos trens da CPTM afirmaram que já foram vítimas de algum tipo de assédio; 95% das usuárias de ônibus, na Capital, afirmaram o mesmo. Isso excluindo as mulheres vítimas de tarados, que se masturbam, que as tocam e os que as beijam à força. Poucos desses tarados e importunadores chegam a ser punidos. E quando são, é o mesmo que nada.
É preocupante para um mundo que se diz evoluído, civilizado e com acesso à informação. O que leva um sujeito a importunar uma mulher é algo que não dá para entender. Nos dias atuais, a oferta é grande – não faltam as profissionais, anunciadas em sites e jornais, nem as amadoras. Teoricamente isso – o assédio – não deveria existir.
Não é porque uma mulher esteja de saia curta que ela está se oferecendo, disponível para aventuras. Certamente ela está com roupa curta porque tem autoestima, pernas bonitas e se sente mais à vontade dessa maneira. Não é porque sua blusa seja decotada que ela está pedindo para ser apalpada. O que se passa na cabeça desse tipo de homem?
Talvez sejam viciados em filmes pornôs, cujas histórias beiram o absurdo. Como entregador de pizza, ou o encanador, ou o mecânico, todos seduzidos em questão de minutos. Às vezes, sem segundos. A vida real é bem diferente. Talvez esses homens entendam que mulher é só um objeto, uma propriedade passageira, para ser usada como e quando bem entenderem.
E por ora estamos nos casos mais extremos. Há ainda os insistentes, aqueles que, embora não apalpem, não forcem a barra, não se cansam de ouvir o não. Insistência pode sim ser considerada assédio. E o que é preciso para colocar um fim nessa tremenda falta de respeito? Algo bem simples – uma lei mais rigorosa. Hoje, qualquer condenado a alguns meses de cadeia tem a pena transformada em prisão domiciliar. Ou cumpre uma tôsca parte da pena e é colocado em liberdade. Para voltar a assediar e importunar mulheres.
Em muitos países isso é tratado com mais rigor, e tarados não têm vida fácil. Nem na cadeia, nem fora dela. Mas por aqui ninguém se incomoda. As tais representantes do povo – deputadas e senadoras – pouco fazem em favor das mulheres. Estão mais ocupadas com assuntos nada republicanos.
Há quem defenda até a castração química. Um absurdo. Castração para esses tarados deveria acontecer com um facão enferrujado, sem direito a socorro no SUS. Os que são contra punições rigorosas, os que tratam os tarados como vítimas da sociedade, o faz até que o problema chegue a uma irmã, uma mãe, uma esposa. Aí tudo muda.
Mas será que todos os de bem precisam chegar a esse ponto para combater de fato o assédio, o estupro, a importunação? Mulher é o melhor produto da natureza, não merece ser maltratada. Então, está mais que na hora de defender a natureza. Castração já!
ANSELMO BROMBAL
Jornalista