De fato, é notável a quantidade de sequências tardias, assim como refilmagens que vem inundando as estreias de grandes estúdios das gigantes do entretenimento norte-americano. Alguns apontam o excesso de remakes, reboots e adaptações de outras mídias como uma simples “crise de criatividade” ou falta da mesma, por parte dos roteiristas da grande indústria do cinema mundial, a meca do audiovisual, a fabulosa Hollywood, de Los Angeles, Califórnia.
Se outrora, alguns gêneros também reinaram em absoluto (um bom exemplo é o “western”, gênero tido como imbatível e que reinou soberano praticamente por 40 anos no cinema americano) hoje em dia, as próprias adaptações de histórias em quadrinhos ou filmes de super-heróis, como queiram, são o novo “western’’ e a pergunta que fica é: aonde estão os roteiros originais? Os personagens originais? Os filmes originais?
Acho que a situação toda do audiovisual, assim como a chegada dos streamings, algo que revolucionou e vem revolucionando a indústria, deveria ser analisada com mais calma: talvez a crise na criatividade seja apenas um reflexo na crise da própria profissão do roteirista. O desejo de escrever e criar vem diminuindo, e com os confortáveis retornos grandiosos do público, talvez de fato seja mais cômodo e viável adaptar outras mídias e outros roteiros, ao invés de simplesmente investir em mão de obra qualificada pra escrever novas e boas histórias!
Em contrapartida, essa crise parece não ter afetado as séries de tv. Notadamente, elas vem apresentando premissas mais inventivas, viradas de roteiros mais engenhosas, vem trabalhando melhor personagens e por fim, entregando um produto audiovisual com mais qualidade e categoria, afinal, o orçamento de grandes produções de grandes canais, não deixam devendo em nada para a grande produção do cinema hollywoodiano, muitas vezes. Dois grandes problemas que séries de tv sempre tiveram: orçamento e bons roteiros.
Fica aqui toda essa reflexão em cima desse cenário e ao invés de tentar trazer respostas prontas e imediatas, deixamos aqui novas perguntas: qual a nossa responsabilidade, enquanto público, de moldar ou até mesmo, pretensiosamente, mudar os rumos da indústria do entretenimento? Eles produzem o que nós consumimos ou sempre fomos nós que apenas consumimos sem muito senso crítico tudo que foi produzido pela tv e cinema norte-americanos? Vale mesmo requentar tudo isso, pra gente digerir novamente?
Por que Hollywood tem tanta dificuldade de seguir adiante? Novamente refaço a pergunta do título. Ou melhor dizendo, e fazendo uma pergunta melhor: existe realmente uma grande necessidade de seguir adiante?
Felipe Gonçalves
Apresentador