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quinta-feira, 28 março, 2024

O blefe de Jânio

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Jânio Quadros ainda é considerado um dos maiores fenômenos da política brasileira. Foi vereador na Capital, prefeito e governador paulista nos anos 1950. Em 1961 tomou posse como presidente da República (31 de janeiro) e em 25 de agosto do mesmo ano renunciou, alegando estar sendo pressionado por “forças ocultas”. Em 1985 elegeu-se novamente prefeito da Capital.

Jânio não precisava dos partidos. Ela sua imagem que trazia votos, e, principalmente, seu discurso contra a corrupção. Seu símbolo era uma vassoura, prometendo varrer a corrupção do país. Mais tarde, soube-se que ele, em sua vida toda, recebeu generosas propinas de empreiteiras. A renúncia de Jânio é um marco na história – a partir dela se instauraram crises, como a discutida posse de seu vice, João Goulart, o parlamentarismo, e, três anos depois, a revolução que colocou os militares no poder, onde ficaram durante 20 anos.

Há quem questione se a situação da época de Jânio é semelhante à atual. Não é. Ao contrário, é uma situação totalmente diferente. De uma forma ou outra, os militares já estão no poder – Bolsonaro é ex-capitão do Exército, seu vice Hamilton Mourão é general da reserva, e nos ministérios não faltam militares ou civis simpáticos à disciplina e à ordem.

Reclamam os inconformados, que os militares impuseram uma ditadura ao país em 1964. Não é bem assim. Acusam os militares de prisões e tortura, mas nenhum trabalhador ou pessoa de bem foi presa ou torturada. Presos foram aqueles que se insurgiram contra o governo e adotaram a luta armada, com assaltos a bancos, sequestros e explosões de bombas em prédios públicos e bancas de jornais.

O que pode acontecer na situação atual é um endurecimento do governo contra certas atitudes de pessoas que se travestem de democratas, mas que na realidade não passam de ditadores. E pelo jeito esse endurecimento já começou. O próprio presidente Bolsonaro pediu o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do STF, devido a suas atitudes arbitrárias, ilegais e inconstitucionais. O próximo deve ser outro ministro, o Luiz Roberto Barroso.

É sabido, conhecido e divulgado que o STF tem lá suas camaradagens, e não se sabe qual o intuito. Engavetam processos, como os 23 contra Renan Calheiros, à espera da prescrição da pena. O exemplo mais recente é de Gedel Vieira, apanhado com malas de dinheiro (51 mihões de reais), que teve a pena prescrita. E é bem provável que essa prescrição moveu outros interesses.

Congressistas (deputados e senadores) estavam acostumados com outra vida. Pressionavam o presidente para obter cargos e vantagens – e aí a roubalheira corria solta. Basta se lembrar o que houve com a Petrobras recentemente. E de repente deram de cara com um presidente linha dura, disciplinado militarmente, que não aceitou esse tipo de situação e resolveu colocar as coisas a limpo.

É bom lembrar também que durante os quase 20 anos de governo de esquerda, a chamada grande imprensa, abastecida com rios de dinheiro público, nunca denunciou absolutamente nada. Encobriu tudo, porque isso lhe interessava. É bom lembrar também que durante esse tempo, artistas ganharam rios de dinheiro com a Lei Rouanet. E agora tudo isso acabou.

Explica-se o porquê de tanta gritaria. O porquê da marcação cerrada e o porquê do incensamento de quem tenha opinião contrária a do presidente. Se o governo endurecer – e isso tem tudo para acontecer – logo toda essa gente mudará de lado. Não por convicção, mas por medo. E aí, quem sabe, poderemos começar nova etapa em nossa história.

Em tempo: Jânio, quando renunciou, estava blefando. A carta da renúncia não era para ser lida no Senado – era só pra circular e avisar que ele não tinha medo; uma forma de conseguir mais poderes e escapar da pressão do Congresso. A diferença é que Bolsonaro não blefa.

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