O RJ2 desta segunda-feira (23) entrevistou com exclusividade um ex-preso do Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste, que detalhou como funciona o sistema de regalias dentro das cadeias. Quem tem dinheiro paga para usar celular ou TV a cabo, tudo à vontade.
Além disso, encomendas são feitas a policiais e agentes penitenciários que trabalham nos presídios.
“Tem tabela de preços em relação aos celulare e não em relação a quem vai comprar. Independente do preso que vai comprar, seja um homossexual, seja um matador perigoso, um traficante, se um valor é para um, é para todos. Agora tem telefone, depende muito da unidade. Tem unidade, que hoje eu converso, que é dois mil [reais] o telefone”, explicou o homem.
O “serviço” clandestino tem, inclusive, direito a chamada de vídeo.
“Se a visita não aparecesse, não tinha problema nenhum. Por exemplo, vou falar com meu filho, faço uma chamada de vídeo na hora que eu quiser, o tempo que eu quiser. A minha vó, ou seja quem for”, acrescentou o homem.
Fazer fotos e vídeos também está liberado. Tem registro dos presidiários fora e dentro da cela, da comida e até do banho de sol.
Em conversa por mensagem exibida pelo RJ2, um preso mostra uma foto de um roteador e comemora ter conseguido Wi-Fi. “Agora tenho Netflix e Wi-Fi na cadeia, meu amor!”, comemora o preso.
Mais imagens exibidas pelo RJ2 mostram drogas e bebidas alcoólicas no presídio.
“Por exemplo, dois litros de energético é quinhentos reais. Uma batata, um frango, alguma coisa assim, é sessenta reais. Isso era coisa que usava constantemente porque eu não comia aquela comida. Eu comia batata, frango…”
No final de semana, o homem disse que fazia um “rateio” com outros “comissionados” da cadeia. Segundo ele, cada um colocava quinhentos reais para comprar “picanha, camarão”e “lanche no MC Donald’s”.
‘Cardápio’ pago no presídio:
- Picanha, camarão, MC Donald’s – R$ 500
- Energético – R$ 200
Para entrar com maconha na cadeia, por exemplo, a droga é embrulhada em papel carbono pra driblar o raio-x. E quem tem dinheiro também tem direito a uma alimentação personalizada.
Também no relato, o ex-preso afirmou que toda sexta-feira é preciso ter uma “certa quantia” de dinheio na mão do diretor da unidade.
“Existe uma regra que toda sexta-feira tem que seguir uma certa quantia na mão do diretor. O diretor deixa a gente solto, entre aspas, para fazer o que a gente bem entende. (…) Na verdade, tendo dinheiro você consegue muita coisa, praticamente tudo”, pontua o ex-interno.