Milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 podem acabar sendo desperdiçadas se países ricos deixarem para última hora a doação de seus excedentes a países mais pobres, alertou nesta terça-feira (8) o Unicef, braço da Organização das Nações Unidas (ONU) para a infância.
A Unicef, que participa dos esforços de distribuição das vacinas do consórcio Covax, defendeu que essa distribuição seja antecipada e se mantenha constante ao longo de 2021, uma vez que países mais pobres não terão estrutura para aplicar uma quantidade muito grande de doses de uma só vez.
O apelo foi dirigido ao G7, grupo das economias mais desenvolvidas do mundo — Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos —, que vai se reunir em uma conferência neste final de semana.
“A conferência é uma oportunidade vital para que vocês (países) acordem ações que levem as vacinas para onde elas são mais necessárias, com rapidez”, diz a carta aberta (em inglês) divulgada pela organização, que também é assinada por celebridades como a cantora Billie Eilish, o ex-jogador de futebol David Beckham e a atriz Priyanka Chopra Jonas, que são embaixadores da Unicef.
“Análises da Unicef apontam que países do G7 terão em breve doses suficientes para doar 20% de suas vacinas entre junho e agosto — mais de 150 milhões de doses — sem que haja atrasos significativos a seus planos atuais de vacinar suas populações adultas”, prossegue a carta.
“Pedimos que façam essas doações urgentes até agosto e estabeleçam um plano para escalonar as doações à medida que seus estoques aumentarem. Estimativas apontam que até 1 bilhão de doses possam estar disponíveis para doação até o final do ano.”
Segundo o Unicef, a iniciativa Covax, criada para democratizar a distribuição de vacinas pelo mundo, conta com 190 milhões de doses a menos do que era esperado, “deixando pessoas vulneráveis perigosamente desprotegidas. Alguns países se comprometeram a doar vacinas mais adiante neste ano, mas essas doses são necessárias agora mesmo”.