Toda história começa com o clássico era uma vez. Esta é era uma vez mesmo. De vez. E o mês de maio nunca mais será o mesmo. Até a metade dos anos 1990, maio era o Mês das Noivas. Podia-se dizer que havia excesso de casamentos nesse mês. Encontrar horário em igrejas e cartórios era coisa difícil. Achar uma decoradora para enfeitar igreja, nem se fala. Mas as noivas encontraram uma solução – passaram a dividir o custo da decoração, que passou a servir para todos os casamentos do dia.
Para os católicos, maio era – e ainda é – o Mês de Maria. Era, porque havia mais celebrações. Hoje elas minguaram, e bem antes de aparecer a pandemia. Maio agora é Amarelo, de conscientização sobre o trânsito. Mas as noivas (as que ainda casam) migraram para dezembro.
E por motivos econômicos. Gastar dinheiro com casamento em maio passou a ser proibitivo. Melhor casar em dezembro, quando o 13º salário dos noivos reforça o caixa, e com muita sorte, dá até para bancar um churrasco a poucos convidados. E muitos deixaram de casar, foram morar juntos, sem a burocracia dos cartórios e sem as exigências da igreja. Sem os gastos com festas e decorações. Sem precisar comprar ou alugar vestido de noiva ou terno. Descobriu-se que dá na mesma, casando ou não.
A sociedade, hipócrita como sempre, passou a aceitar com normalidade os casais não casados. Os chamados casais de papel passado. A sociedade, por sinal, mudou seu comportamento. Deixou de discriminar mulheres que se separaram de seus maridos. O que antes era “mulher largada do marido” passou a ser somente “desquitada”, e depois, “divorciada”. Hoje tanto faz.
Maio era o mês das flores, apesar de estar distante da florida primavera. Talvez pela procura das noivas da época. Mesmo sendo outono. Maio agora é um mês qualquer, relegado a um lugar no meio do calendário. Quase esquecido, a não ser pelo fato de ter 31 dias – um dia a mais para esticar o salário. Para quem ainda tem salário.
Diz-se que o mundo está em constante mudança. Está mesmo. E pelo jeito, para pior.