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sexta-feira, 22 novembro, 2024

Na pandemia, além do medo, a chegada dos vícios

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Com isolamento e consequente ansiedade e depressão, quem fumava passou a fumar mais; consumo de bebidas alcoólicas também aumentou muito

No início da pandemia, em março do ano passado, instalou-se uma confusão mental em todos os brasileiros. Pouco se sabia sobre a Covid, e não faltaram “especialistas” aconselhando sobre hábitos e cuidados. Como também não faltaram outros “especialistas” afirmando que isso não era nada. Mas, com o tempo, todo mundo acabou adquirindo novos hábitos. E vícios. Por causa do isolamento, as pessoas passaram a ficar ansiosas e depressivas. Ou pelo menos boa parte das pessoas.

Basta olhar o que há nos carrinhos de quem vai ao supermercado – a conclusão será a mesma da pesquisa feita em agosto passado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Universidade Federal de Minas Gerais e Unicamp: as pessoas estão bebendo mais e fumando mais. É uma consequência do fechamento de bares e restaurantes.

Antes da pandemia, o sujeito se limitava a comprar um ou dos maços de cigarros. Parava num bar para comprá-lo e aproveitava para tomar sua cervejinha. Com o fechamento, o sujeito passou a comprar cigarro no supermercado – onde se vende somente pacote, com dez maços. Passou também a comprar sua bebida no supermercado, e por comodidade, a cerveja passou a ser levada para casa em fardos de 12 latas, ou caixas com 12 garrafas. Com tanta bebida e tanto cigarro à disposição, dentro de casa, foi natural o aumento do consumo.

A pesquisa entrevistou 44.062 pessoas. Quase 35% dos entrevistados já fumavam e passaram a fumar mais por conta do isolamento social. E não foi pouco: 6,4% dos entrevistados aumentaram em até cinco cigarros a mais por dia; 22,8% acrescentaram dez cigarros à dose diária, e 5,1% passaram a fumar 20 ou mais cigarros diariamente.

“Para quem já traz uma predisposição ao vício, a situação que estamos vivendo é um solo fértil. Se situações de estresse pré-pandemia já eram desafiadoras para esses pacientes, o isolamento social as potencializa e vira um ciclo vicioso: a insônia, depressão e ansiedade levam a fumar mais e o fumar mais também leva à depressão, insônia e ansiedade. Nesses casos, buscar ajuda médica é fundamental para evitar a piora do quadro e o surgimento ou agravamento de doenças”, explica a especialista em Medicina do Estilo de Vida e vice-presidente do Colégio Brasileiro de Medicina do Estilo de Vida, Lívia Salomé.

Mas álcool e cigarro não estão sozinhos nessa história. E não só no Brasil. O que assusta são os dados do MInistério da Saúde: de março a junho do ano passado, o atendimento hospitalar e clínico por uso de alucinógenos aumentou 54% em relação ao mesmo período de 2019. O uso de sedativos (calmantes) aumentou 50%. E nos primeiros seis meses de pandemia o consumo de maconha no mundo inteiro cresceu 36%. Oficialmente.

“Todas essas pesquisas nos dão uma amostra da gravidade que estamos enfrentando, mas é bem provável que os números engordem quando pensamos nas pessoas que não pedem ajuda ou têm vergonha de se expor, com medo de julgamentos. Infelizmente, nossa sociedade carrega preconceitos e não enxerga como doença. E isso gera ainda mais estresse e ansiedade nesses pacientes, dificultando ainda mais o tratamento”, afirma a médica.

Para quem está enfrentando essa situação ou conhece quem esteja precisando de ajuda, o conselho da especialista é buscar ajuda médica especializada para cuidar do vício e entender o que está causando isso. “Tratar o vício é como controlar um incêndio: é preciso apagar o fogo mais intenso para achar o foco, o que está causando. Só assim, o paciente pode ter uma vida com mais saúde e longevidade. Nesse ponto, a Medicina do Estilo de Vida pode ajudar trazendo um olhar plural e integrativo para esse paciente, com prognósticos que incluem todas as dificuldades, minimizando as chances de recaída”, completa a especialista.

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A Editora Urbem faz parte do Grupo Novo Dia e edita livros de diversos assuntos e também a Urbem Magazine, uma revista periódica 100% digital.
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