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domingo, 24 novembro, 2024

Mulheres têm o dobro de chances de morrer por infarto

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A atipicidade dos sintomas que a doença apresenta no corpo feminino é um dos fatores que contribui para essa estatística

As doenças cardiovasculares estão entre as que mais matam mulheres ao redor do mundo. Dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que essas enfermidades são responsáveis por 1/3 dos óbitos femininos, o que significa 8,5 milhões de mortes ao ano ou 23 mil por dia.

Um dos fatores que contribui para esse cenário é o fato de mulheres poderem apresentar sintomas atípicos com relação a essas doenças, conforme explica o médico cardiologista Roberto Yano. Enquanto os sintomas comuns do infarto são dor no peito em forma de aperto e queimação, que pode irradiar para queixo, mandíbula e epigástrio, com duração maior de vinte minutos, mulheres prestes a sofrem um infarto do miocárdio podem chegar ao pronto-socorro com manifestações atípicas como dor nas costas ou no estômago, por exemplo.

“Não é incomum que elas cheguem apenas com falta de ar, sudorese ou sensação de desmaio. Devido aos sintomas atípicos, a mulher costuma demorar mais a procurar ajuda médica. Acha que está com uma gastrite e acaba tomando um antiácido. Acredita que a dor nas costas é da coluna e acaba tomando um anti-inflamatório. Essa demora no reconhecimento de sintomas retarda a sua ida ao hospital, o que piora o prognóstico da doença”, alerta Yano.

O médico explica que quanto mais se demora para abrir uma artéria que está entupida, maiores os riscos de complicações e morte. “Muitas vezes se conseguimos abrir a artéria da paciente em até 3 horas, seja através de angioplastia ou por meio de medicamentos trombolíticos, existem grandes chances das sequelas serem menores ou até mesmo nem existirem”, diz.

Além de possuírem manifestações atípicas e protelarem a ida ao pronto atendimento, a mulher tem as coronárias mais finas, mais difíceis no geral de serem tratadas. “O processo de aterosclerose e rompimento do endotélio do vaso é mais complicado nas artérias das mulheres, por elas serem menos calibrosas. Então, mesmo chegando ao cateterismo e a angioplastia, no geral, o tratamento de mulheres, principalmente se forem diabéticas, é bem difícil”, comenta.

A mudança no estilo de vida e no comportamento das mulheres nos últimos anos também vêm contribuindo para o aumento da incidência de infarto. O estilo de vida delas está cada vez mais estressante, tendo esta que vivenciar uma jornada tripla que envolve o trabalho para sustentar a família, a jornada para cuidar dos filhos e ainda a responsabilidade de zelar pela casa.

“A mulher também está cada vez mais obesa, sedentária, estressada, nervosa, ansiosa e cuidando pouco da sua saúde física e mental. É cada vez mais comum encontrar no consultório mulheres com esse perfil. É preciso considerar ainda que com o passar da idade, os níveis de colesterol e triglicérides vão piorando; a pressão arterial tende a se elevar; a glicose tende a aumentar e o envelhecimento leva as pessoas a ficarem paradas. Tudo isso vai levar ao aumento do risco de infarto na mulher”, alerta Roberto Yano.

Até a menopausa da mulher influencia nesta estatística, visto que quando ela ocorre, o fator protetor do infarto que é o estrógeno diminui. “Esse hormônio que a mulher produz ajuda a reduzir o LDL colesterol (ruim) e aumentar o HDL colesterol (bom). Além disso, o estrógeno atua como um vasodilatador arterial, ajudando a controlar a pressão arterial. Após a menopausa, devido a perda desse fator protetor, o estrógeno, o risco de infarto na mulher aumenta gradativamente. A partir dos 65 anos, passa a se igualar ao risco dos homens”.

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