Projeto ensina golfe para crianças da rede Municipal de ensino, em Louveira.
O Projeto Corujinha tem o nome em respeito e memória do Coruja Golfe Clube, um campo de golfe particular concebido na década de 80, pelo arquiteto e golfista Lauro da Costa Lima. Na época, golfistas de São Paulo e do Rio de Janeiro eram convidados para participar de eventos e conhecer o golfe em um challenging campo de 9 buracos.
Além da atmosfera do golfe ter sido criada na região há mais de 40 anos, na mesma propriedade existe um elemento fundamental para a conexão do golfe com a Educação – trata-se da Escola Municipal de Ensino Fundamental Angelo Argenton Filho, na cidade de Louveira.
“Nessa fase que eles estão, contam muito para a construção deles como pessoas, e graças à existência da escola pública, conseguimos fazer o acesso do pátio para o campo”. afirma Pedro costa Lima, coordenador técnico do projeto Corujinha. Pedro explica que ter a escola inserida dentro do projeto possibilita uma conexão muito forte com a educação. Afinal, é possível acompanhar o desempenho escolar de todos os alunos e fortalecer a metodologia de ensino do golfe com fortes aspectos pedagógicos.
“Nos surpreendemos ao verificar o progresso no desempenho acadêmico dos alunos que praticam o golfe; inclusive o principal critério de convocação para as crianças que representam o Projeto Corujinha nos torneios é justamente as notas escolares”, afirma.
Desde 2012, com desenvolvimento do projeto, novas escolas se tornaram participantes e hoje o Corujinha ensina o golfe para 67 crianças da rede pública de ensino de Louveira, de 7 a 16 anos, onde 32 crianças já possuem handicap e estão prontas para participar dos torneios juvenis da Federação Paulista de Golfe.
A intenção do projeto é trabalhar o sentido de como o golfe pode contribuir como uma ferramenta de educação, inserção social e novas oportunidades de futuro para essas crianças através do esporte. A paixão das crianças que jogam no projeto corujinha é notável. A Urbem Magazine foi até Louveira conhecer o Projeto Corujinha e conversar com Pedro, coordenador técnico do projeto:
Responsáveis pela fundação do projeto?
O grande idealizador foi o meu irmão, João Paulo da Costa Lima; e ele teve a iniciativa em 2012, pois teve a oportunidade em sua infância de ter acesso ao golfe e verificou o quão positivo o golfe foi na construção de seus próprios princípios. Com isso, teve a iniciativa de oferecer o golfe de uma forma muito acessível às crianças da escola.
Pedro, qual a sua história dentro do golfe?
Desde os 5 anos jogo golfe. Muito cedo, aos 9 anos, após jogar o meu primeiro torneio, o golfe virou a minha paixão. A oportunidade de podermos nos auto superar que o golfe possibilita é incrível. Minha infância foi repleta de muitos torneios de golfe. Aos 14 anos representei o Brasil pela primeira vez, e tive a oportunidade na minha infância de representar o Brasil em muitos países como Estados Unidos, Chile, Argentina, Uruguai, Bolivia, Venezuela, Austrália, China e França.
Durante minha juventude (2004 e 2006) me destaquei como 1º do ranking nacional e juvenil paulista, em seguida em 2007 me tornei campeão brasilieiro amador de golfe. Após isso liderei o ranking nacional adulto (2009 e 2010) e ganhei uma bolsa de estudos para fazer faculdade nos Estados Unidos, representando o time de golfe da Georgia College & State University, onde obtive o reconhecimento de ser nomeado All American Player, que significa estar entre os 10 melhores jogadores da liga NCAA (National Collegiate Athletic Association). Outros dois torneios muito relevantes na minha história foram a conquista da Copa Los Andes, que é o campeonato sulamericano adulto por equipes, e ter sido campeão mundial junior Europeu do Faldo Series.
Em prol do desenvolvimento do golfe, cheguei a ser diretor técnico da Federação Paulista de Golfe e atualmente continuo jogando os torneios amadores no Brasil, sempre com o uniforme do Corujinh. Me dá muito orgulho em poder me empenhar defendendo as cores do projeto.
Qual é a história da sua família neste esporte?
O golfe começou em nossa família realmente pelo nosso avô, o arquiteto Lauro da Costa Lima, que em 1960 havia sido convidado para projetar a nova sede do São Paulo Golfe Clube. A paixão por este esporte era tão forte que desde os 5 anos nosso pai, João Adolfo da Costa Lima, começou a dar as suas primeiras tacadas.
Ao longo de sua infância nosso pai também se tornou um golfista de destaque representando o Brasil em algumas oportunidades. Ele tem uma história muito bonita no golfe – foi diretor da Confederação Brasileira de Golfe e foi por sete anos presidente do clube de golfe mais tradicional do Brasil, o mesmo São Paulo Golfe Clube, que na década de 60 teria sua sede projetada pelo nosso avô Lauro. Ou seja, eu e meu irmão somos a terceirageração de golfistas e ficamos muito contentes de podermos transmitir esse respeito e amor ao esporte a uma nova geração de crianças.
O que tem a dizer sobre golfe e educação?
O golfe, pela sua essência, é um esporte que nos ensina muito. É uma grande ferramenta de educação. A base de um jogo de golfe é a existência de princípios como a ética, o respeito com o próximo, a honestidade, paciência e a etiqueta. Em uma partida de golfe, necessariamente teremos tacadas boas e tacadas ruins, e ao longo do jogo aprendemos a lidar com as mais diferentes emoções, construindo uma boa estrutura de inteligência emocional. O golfe é um esporte de escolhas e de muita estratégia, assim que suas escolhas são positivas e certeiras, este elemento propicia o desenvolvimento da autoconfiança, que é tão importante para todos.