A Prefeitura de Jundiaí se uniu ao Hospital Alemão Oswaldo Cruz para realização de teste com medicamento que previne complicações da Covid-19
Jundiaí anunciou nesta quinta-feira (11), um acordo de cooperação técnica entre o município e o Hospital Alemão Oswaldo Cruz, para a realização de um estudo inédito envolvendo o uso de um medicamento para prevenir que pacientes com Covid-19 sejam hospitalizados.
A pesquisa feita pela Coalização Covid-19 Brasil, reúne oito hospitais renomados do país como o Hospital Israelita Albert Einstein, HCor, Hospital Sírio-Libanês, Hospital Moinhos de Vento (Porto Alegre), Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Beneficência Portuguesa de São Paulo, o Brazilian Clinical Research Institute (BCRI) e Rede Brasileira de Pesquisa em Terapia Intensiva (BRICNet), em 11 projetos no tratamento da Covid-19.
Entre esses projetos, o Coalizão VIII, envolve o uso de um anticoagulante em pacientes que apresentam casos leves e moderados da Covid-19, e que são tratados ambulatoriamente, ou seja, não necessitam de internação.
Por meio do pesquisador e médico da Faculdade de Medicina de Jundiaí (FMJ), Dr. Raphael Cruz Seabra Prudente, Jundiaí assinou o acordo de cooperação técnica com o Hospital Alemão Oswaldo Cruz, para a realização da fase 4 dos testes do medicamento desenvolvido pela Farmacêutica Bayer.
Os testes consistem na administração de um medicamento anticoagulante via oral durante 14 dias. Segundo o médico e pesquisador do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Dr. Alvaro Avezum, 500 pessoas devem receber a medicação e outras 500 seguirão os protocolos que são administrados atualmente durante o tratamento da Covid-19.
Todos os pacientes serão acompanhados durante 30 dias para avaliação referente a problemas com a coagulação e outras complicações arteriais e de ventilação mecânica que podem surgir nas pessoas contaminadas pelo vírus.
“O estudo já começou em 43 centros, em 27 cidades em oito estados brasileiros. Em Jundiaí já temos 146 pacientes selecionados entre os mil que precisam ser testados para que haja a comprovação da eficácia do medicamento”, informa Dr. Alvaro Avezum.
Ele também explica que os pacientes precisam ter outros fatores, além da confirmação da Covid-19 para participar do teste. “São pessoas que têm o quadro suspeito nos primeiros sete dias, que tenham pelo menos dois fatores complementares, como idade acima de 65 anos, hipertensão, tabagismo, obesidade. Desta forma podemos verificar a eficácia do medicamento no tratamento de complicações da Covid-19.”
Captação – Segundo Dr. Raphael Prudente, a captação dos voluntários vai acontecer diretamente na rede de atendimento aos pacientes com Covid-19 de Jundiaí. “O estudo é ambulatorial e a organização será feita pelos PAs (Pronto Atendimento) e unidades de saúde (sentinelas). Lá terá uma equipe da pesquisa que vai abordar os pacientes e, aqueles que aceitarem participar do estudo, passarão por avaliações médicas e seguirão todos os protocolos necessários. Os dados serão inseridos numa plataforma do Hospital Alemão Oswaldo Cruz por onde será feito todo o acompanhamento durante 30 dias”, explica.
A participação no estudo é voluntária perante a assinatura de um termo de consentimento. “Lembro que todo o benefício de um tratamento que temos hoje, é porque alguém participou voluntariamente de testes anteriormente. E todos esses dados vão servir para guiar a conduta terapêutica no tratamento ambulatorial da Covid-19 no mundo”, destaca Dr. Alvaro.
Segurança – O nome do medicamento não foi divulgado pela Prefeitura de Jundiaí e nem pelo Hospital Alemão Oswaldo Cruz. “É preciso ter uma boa hipótese para concluir se o medicamento é valido ou não. E para saber se é promissor é preciso da pesquisa. Não é para usar [o medicamento] na rotina diária, porque ainda não está provado. É preciso ter segurança antes de começar a administração clínica nos pacientes”, alerta Dr. Alvaro.