Edna e Maria Gabrielly colocaram a mão na massa e ainda ajudaram a diminuir a sujeira na vizinhança: ‘Você se reinventa através da dificuldade.’
Edna e Maria Gabrielly se mudaram de Curitiba para Pernambuco atrás do sonho de morar perto da praia, de recomeçar. No entanto, um ano após a mudança, mãe e filha se viram em uma situação difícil: ainda sem emprego e com as economias acabando, foram ameaçadas de despejo da casa que alugavam.
“Tem muita dificuldade no meio do caminho. Só que quando a dificuldade está na sua frente, você tem que achar uma saída para ela. São barreiras que você tem que ir derrubando. E a gente fez isso, né?”, diz Edna.
O que ela e a filha fizeram foi reagir com muita resiliência, encontrando uma forma bem original para resolver o problema: ergueram sozinhas uma casa sustentável, construída com nada menos do que 4.298 garrafas de vidro recolhidas do lixo.
Nem Edna nem Maria Gabrielly tinham qualquer experiência como pedreiras e pesquisaram muito para conseguir colocar o projeto que tinham de pé, em meio à pandemia.
“Terminar a nossa casa é mostrar que nós duas, duas mulheres negras, fortes, construíram a primeira casa de garrafas de vidro do estado de Pernambuco. Catadas no lixo do mangue, em cima de um erro de muita pessoas. O primeiro processo disso tudo é não ter medo de colocar a mão na massa mesmo, e não sentir vergonha. De se sentir também forte o suficiente, capaz o suficiente para fazer isso”, afirma Maria Gabrielly.
A história de Edna, aliás, é de muita resiliência. Filha de pais analfabetos, ela começou a trabalhar em casa de família aos 12 anos, parou de estudar, criou sozinha dois filhos. Aos 35, decidiu voltar aos estudos e se formou em gestão pública.
A filha conseguiu bolsa em uma faculdade de moda no Recife e gasta seis horas por dia para ir e voltar da capital.