Diz a lenda que empresas somente se preocupam com o lucro e que em função dele elas exploram o mercado de forma desordenada. Entretanto, acompanhamos inúmeras divulgações de ações comunitárias promovidas por grandes organizações, com o objetivo de beneficiar pessoas que nem fazem parte de seu quadro de funcionários.
Então a pergunta é: empresas são responsáveis por promover ações que beneficiem as comunidades?
O fato é que uma empresa realmente precisa dar lucro, pois do contrário ela não sobreviverá. Se não sobreviver, vai trazer inúmeros problemas para seus sócios, proprietários, diretores e outros envolvidos. Mas isso então justifica não ter nenhuma preocupação com a sociedade?
Antes de responder, convido os nossos leitores a refletirem sobre a imagem que cada empresa quer transmitir. Quanto é importante para elas a opinião pública e que tipo de marketing faz para deixar essa
Imagem atrativa, não somente para seus clientes, como também para os seus investidores e colaboradores.
Empresas com imagens arranhadas tem muitos prejuízos indiretos, seja por meio da reprovação de seus acionistas ou pelo incômodo que sua própria equipe sente ao dizer que trabalha lá.
Basta dizer que quando surge um escândalo no cenário político envolvendo grandes corporações, seus colaboradores passam a viver um problema grande, com estresse, tensão e até mesmo vergonha de mostrar seu crachá em público. Muitos chegam a pedir desligamento, o que também contribui para a queda de seu valor no mercado financeiro.
O inverso é verdadeiro: empresas de tecnologia, disruptivas, que investem no meio ambiente, promovem a diversidade e outras ações que demonstram respeito com a sociedade se valem de um certo reconhecimento e atraem os melhores talentos. Expor marcas de empresas como essas em seus uniformes ou redes sociais é símbolo de status para profissionais da geração atual.
Por outro lado, há empresas que investem muito dinheiro em suas ações virtuais e até mesmo em programas de RH para suas equipes, mas que se esquecem de algo tão importante quanto: suas terceirizações ou suas linhas de frente.
Um exemplo disso são os aplicativos de entrega, que usam veículos terceirizados e não controlam o comportamento e nem educam seus motociclistas para que desenvolvam um trânsito seguro.
Se as três ou quatro principais empresas desse segmento se unissem para regulamentar o comportamento de seus entregadores, teríamos mais qualidade nesse serviço e muito menos acidentes. No entanto, o que percebemos é que não há nenhuma preocupação com o assunto.
São irregularidades em semáforos, tráfego por corredores e sempre em alta velocidade, brigas e veículos em condições de conservação questionáveis, que não garantem boas condições, nem para seus condutores e nem para quem trafega ao lado deles.
A verdade é que as empresas de entrega por aplicativo, que se apresentam como inovadoras e colocam suas marcas modernas e coloridas nas redes sociais, não se preocupam que essas mesmas marcas estejam expostas também em mochilas carregadas por pessoas mal treinadas (socialmente). Pessoas essas que arriscam suas vidas para fazerem entregas no menor tempo possível, muitas vezes sem seguro, sem estrutura, sem remuneração adequada e sem saber se vão voltar pra casa no final dos seus expedientes.
E você? Independente de qual seja o seu seguimento, já se perguntou o que a sua empresa está fazendo para melhorar a vida das pessoas? Ou será que realmente ela está só pensando no lucro?
Vale lembrar que cuidar da sociedade faz o país crescer e país que cresce é que realmente é bom para empreender.
Aguinaldo Oliveira
Palestrante