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sexta-feira, 19 abril, 2024

O sonhador e pioneiro Ozíres Silva chegou aos 90 anos

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Coronel da Aeronáutica e engenheiro, Ozíres entrou para a história em 1969 ao criar a Embraer, primeira fabricante de aviões no Brasil e hoje a 3ª empresa do setor no mundo

No último dia 8, o coronel Ozíres Silva completou 90 anos de vida. Não faltaram homenagens pelo aniversário do homem que há 51 anos acreditou nos seus sonhos de infância e ajudou na criação da Empresa Brasileira de Aeronáutica, a Embraer, numa época em que havia otimismo, mas as dificuldades eram muito maiores. Ozíres credita os principais motivos do sucesso da empreitada ao investimento e à confiança do governo no setor, mas diz que o passo fundamental nesse processo foi o investimento prévio em educação.

É uma referência explícita à criação do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) em 1950, que passou a formar gente especializada na área. Antes da Embraer, houve algumas tentativas, como a fábrica Neiva, que montava aviões com peças americanas. A Embraer, com Ozíres à frente, partiu do zero e criou o Bandeirante, um turbohélice com dois motores – e muitos estão voando até hoje.

Ozíres presidiu a Embraer até 1986, dela saindo para presidir a Petrobras, onde ficou até 1989. Também foi presidente da Varig (2000 a 2002) e reitor da Unimonte (2008). Em 1990, tornou-se ministro da Infraestrutura do governo Collor, e permaneceu no cargo durante um ano. Em 1991, voltou à presidência da Embraer para conduzir o processo de privatização, que terminou em 1994.

Ozíres nasceu em Bauru em 8 de janeiro de 1931. Desde jovem tinha o sonho de ser engenheiro aeronáutico, coisa que não se ensinava no Brasil. Tinha um amigo, Benedito, e em 1948 ambos ingressaram na Força Aérea Brasileira. Três anos depois, já eram oficiais aviadores. Benedito morreu em acidente aéreo em 1955, e isso provocou desmotivação em Ozíres, coisa que durou até 1958, quando entrou para o ITA. Quatro anos depois de lá saía formado em Engenharia Aeronáutica. No ano da formatura, foi convidado a participar do CTA – Centro Tècnico Aeroespacial.

O acaso entrou em sua vida no final dos anos 1960, quando Ozíres foi encarregado de receber o então presidente da República, Costa e Silva. Nesse encontro, convenceu o presidente a investir na criação de uma empresa aérea de capital misto. Em 1969, nasceu a Embraer.

Um curta da Embraer está no ar

Desde o último dia 8, está no ar o curta-metragem O voo do impossíve’, uma animação idealizada e produzida pela Embraer em comemoração ao aniversário do engenheiro Ozires Silva, um dos maiores ícones da indústria aeronáutica brasileira, que completou na data 90 anos de vida. Com duração de 14 minutos, a animação retrata a trajetória de vida de Ozires Silva desde a infância, ao lado do inseparável amigo Zico, até a carreira de oficial da Aeronáutica, quando viu o sonho de poder fabricar aviões se tornar realidade.

No início da década de 1940, os dois garotos se reuniam em um banco de praça, na cidade de Bauru, para conversar sobre aviação e tentar entender por que o país de Santos-Dumont não produzia seus próprios aviões. A estratégia encontrada por eles para reverter aquela realidade foi estudar para se tornarem primeiro pilotos e depois procurar uma escola de engenharia aeronáutica.

A possibilidade de reviver uma história real com uma abordagem divertida e atraente fez com que a animação 3D fosse a opção ideal. Embora a expectativa inicial remeta a um filme infantil, a direção do filme buscou aplicar conceitos do cinema clássico na estética audiovisual. O curta-metragem mostra personagens e cenários modelados com texturas e cores pesquisadas e capturadas de registros da época, criando uma atmosfera realista e humanizada. O voo do impossível está sendo exibido nas mídias sociais e canais oficiais da Embraer. A veiculação conta com a parceria do Canal Aviões e Músicas, com Lito Sousa.
Sinopse – A história de vida de um menino que sonhava fabricar aviões no Brasil na década de 1940 é o fio condutor desse curta-metragem com duração de 14 minutos. Baseado em fatos reais, a animação revela detalhes da vida do engenheiro Ozires Silva, o oficial da aeronáutica que dedicou sua vida a um ideal de infância e liderou a criação da Embraer, um dos maiores fabricantes de aeronaves do mundo.

No filme são relatadas a cumplicidade de uma amizade; a surpresa ao saber que o Brasil teria uma escola de engenharia aeronáutica; e o papel de um francês que o ajudou a idealizar a máquina voadora mais adequada para levar o desenvolvimento às regiões mais remotas.

Primeiro voo do Bandeirante foi há 52 anos

Um pequeno avião com uma enorme importância para o Brasil, o Bandeirante, aeronave que deu origem à Embraer, completou em outubro 52 anos de seu seu primeiro voo. O protótipo do bimotor, ainda uma versão simplificada do que seria o modelo final, decolou do aeroporto de São José dos Campos, onde no ano seguinte, em 19 de agosto de 1969, foi fundada a Empresa Brasileira de Aeronáutica.

Na década de 1960, o mercado brasileiro iniciou um período de forte redução no número de cidades atendidas pelo transporte aéreo. As companhias daquela época voavam com antigos aviões fabricados nos Estados Unidos, especialmente o conhecido Douglas DC-3. Eram aeronaves que pousavam em pistas de terra, de curta extensão, transportando até 30 passageiros e pouca ou nenhuma infra-estrutura de apoio à navegação. Mas eles estavam ficando velhos e voavam em uma época em que começam a surgir os primeiros jatos, que também exigiam aeroportos modernos.

Nos anos 1950 o Brasil chegou a contar com 360 cidades atendidas pela aviação comercial, e na década seguinte tinha apenas cerca de 120 destinos servidos. Era um momento de mudança não só na aviação brasileira como também um movimento mundial.

Os primeiros protótipos do Bandeirante foram projetados e fabricados no Centro Técnico Aeroespacial (CTA, hoje conhecido como DCTA, Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial), liderado inicialmente pelo projetista francês Max Holste. O avião era fruto de uma difícil caminhada iniciada pela equipe de Ozires Silva em 1965, quando sugeriu o modelo IPD-6504ao Ministério da Aeronáutica.

Em 12 de junho de 1965, o então ministro da Aeronáutica, Brigadeiro Eduardo Gomes, assinou o documento básico de aprovação do projeto IPD-6504, e nesse mesmo mês, no PAR, Departamento de Aeronaves do Instituto de Pesquisas e Desenvolvimento (IPD) do CTA, era iniciada a construção do Bandeirante. Para a construção do primeiro protótipo, decorreram três anos e quatro meses, entre os primeiros estudos preliminares e o voo do dia 22 outubro de 1968.

O Bandeirante nasceu como um projeto do IPD do CTA. Desde o início o grupo foi liderado por Ozires Silva, então major da Força Aérea Brasileira (FAB). A ideia era criar um avião bimotor turbo-hélice, com capacidade para 20 passageiros e operar onde pousavam os antigos DC-3 sem exigir atualizações nos aeroportos. Além disso, a aeronave também foi proposta em versões para uso militar.

O esforço resultou no projeto do bimotor IPD-6504, de concepção simples, com peso máximo de decolagem de 4.500 kg, e equipado com dois motores turbo-hélice Pratt & Whitney Canada PT6A-20. O voo inaugural do primeiro protótipo do Bandeirante foi comandado pelo major José Mariotto Ferreira e engenheiro de voo Michael Cury.

A Embraer contava com 150 profissionais contratados, entre eles a equipe de Ozires que trabalhou no projeto do primeiro protótipo do Bandeirante no CTA. A criação da empresa estava fundamentada na fabricação do bimotor Bandeirante, mas logo a sua carteira de produtos aumentou, incorporando o planador Urupema, o avião agrícola Ipanema e o jato de combate Xavante.

Foram construídos três protótipos do Bandeirante (ainda EMB-100), que testados a exaustão colheram os dados necessários para evoluir até a versão definitiva, o EMB-110, que voou em 9 de agosto de 1972. O novo Bandeirante apresentava visual mais atraente, com aspecto mais moderno em relação aos primeiros protótipos. O para-brisa foi reformulado, os motores ganharam naceles mais aerodinâmicas, além da fuselagem alongada. Em dezembro de 1972, o avião foi certificado e os três primeiros exemplares de série, de uma encomenda inicial de 80 aeronaves, foram entregues à FAB.

O primeiro operador comercial do Bandeirante foi a extinta Transbrasil, em abril de 1973. O fato é um marco na aviação brasileira, pois pela primeira vez um avião projetado e fabricado no país voava regularmente com uma companhia aérea nacional. O segundo operador do EMB-110 foi a Vasp.

Em 1975, a Embraer exportou os primeiros Bandeirante: duas aeronaves foram vendidas para a Força Aérea Uruguaia. Dois anos depois foram iniciadas as exportações do bimotor para linhas aéreas comerciais – a primeira empresa aérea estrangeira a operar com o Bandeirante foi a francesa Air Littoral. Antes de ser entregue, o avião foi exposto no mais importante evento de aviação do mundo, o Salão Internacional de Le Bourget, na França, do qual a Embraer participava pela primeira vez.

Era também a primeira travessia do Atlântico feita por aviões de fabricação nacional, que ocorreu em 26 de maio de 1977, quando o Bandeirante nas cores da Air Littoral decolou de São José dos Campos para Paris. A aeronave fez escala técnica para reabastecimento em Fernando de Noronha e, no dia seguinte, deixou aquela base rumo a Dakar, para depois seguir a Sevilha e finalmente chegar em Paris. O Bandeirante completou o percurso em exatas sete horas e quatro minutos.

Para ampliar as exportações do Bandeirante, a Embraer passou a buscar certificações de agências internacionais. No final dos anos 1970 o avião foi certificado por órgãos de aviação da Europa e dos Estados Unidos. A partir daí, a aeronave foi exportada para diversos outros países.

A linha de produção do Bandeirante foi encerrada no final de 1991 – a última unidade foi entregue para o Governo da Amazônia em 1995. No total, foram fabricadas 498 aeronaves, sendo 253 para operadores no Brasil e 245 vendidas para o exterior. E muitos ainda continuam em operação.

A FAB possui a maior frota ativa de Bandeirante, com 40 aparelhos em serviço. O clássico avião da Embraer também sobrevive na aviação civil, operando como táxi-aéreo pelos rincões do Brasil, e também nos Estados Unidos, África e Ásia.

Embraer quer tamanho certo no mercado

No recente panorama do mercado da aviação comercial, a EMBRAER examina as entregas de novas aeronaves na próxima década, com foco no segmento de mercado para aeronaves regionais com até 150 assentos. O relatório emitido no final de novembro prevê a entrega de 5.500 novas aeronaves regionais até 2029, incluindo 4.420 jatos e 1.080 turboélices. Três quartos dos jatos serão substituições de aeronaves mais antigas e o restante para crescimento do mercado, prevê a Embraer. A empresa prevê que a maioria dos jatos irá para a América do Norte (1.520 unidades), Ásia-Pacífico (1.220) e a maioria dos turboélices para a Ásia-Pacífico (490 unidades) e Europa (190).

O fabricante vê várias tendências moldando a demanda futura de aeronaves regionais, na recuperação pós-COVID-19, regionalização gerando novos fluxos de tráfego, preferência dos passageiros por voos de curta distância e um foco renovado na eficiência. A Embraer também vê mais foco no dimensionamento correto, usando aeronaves com contagens de assentos adequadas para operar em determinados mercados.

Durante uma apresentação, o presidente e CEO da Embraer Aviação Comercial, Arjan Meijer, disse: “O que vai, volta. Se você olhar para 20 anos atrás, falamos sobre o dimensionamento correto. No crescimento de 2008 a 2019, vimos uma tendência de adicionar mais assentos ao mercado e aeronaves maiores, mas realmente vemos que essa tendência vai mudar. Vemos muito mais foco no dimensionamento correto novamente no segmento de sub-150 assentos”. Meijer disse que a Aviação Comercial da Embraer não está mais à venda e que a divisão foi reintegrada de volta à Embraer, na reestruturação da empresa neste ano.

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