“O homem só será livre quando o último rei for enforcado nas tripas do último padre“, escreveu Jean Meslier (falecido em 1729), um padre francês que virou ateu. Mas para entender a escatologia dos tempos, vamos analisar o anticapitalista que veio cem anos depois de Meslier. O inventor do socialismo científico e do comunismo, o prussiano alemão Karl Marx nasceu em 1818. Rico, estudou nas melhores e mais caras escolas. Com 17 anos, Marx entrou na Universidade de Bonn. Como vivia na farra e embriagado, seu pai Heinrich Marx o enviou para a Universidade de Berlim, onde o jovem “encrenqueiro” conheceu o pai da Dialética (teoria filosófica materialista) Georg W. F. Hegel. Na Alemanha, Marx virou professor, mas foi demitido. Virou jornalista, foi censurado e expulso.
Foi morar em Paris (a cidade-festa dos “rebeldes” do passado e de hoje). O desempregado casou-se com Jenny Westphalen e tiveram sete filhos. Quatro morreram de fome. Expulso da França, foi para Londres em 1849. Marx passou a ser sustentado pelo burguês Friedrich Engels, amigo de boemia, bebidas e livros. Inventaram a “violência revolucionária”, o fim do capitalismo, e a palavra-de-ordem “Operários de todo o mundo, uni-vos”. A esposa de Marx morreu tuberculosa em 1881. Mas a ideia dos dois, da revolução feita por pobres unidos de vários países, foi plagiada de Flora Tristán, que publicou em 1838 o livro União Operária com a frase “A libertação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores”. Alguns anos depois, o Manifesto Comunista de Marx e Engels batia na mesma tecla: “operários de todo o mundo: uni-vos”.
Como todas as utopias, as ideias de Marx e Engels patinaram por uns 40 anos até que veio a Primeira Guerra Mundial de 1914 a 1918, onde a Alemanha (mais os Otomanos e Itália) abriram fogo contra países vizinhos (Reino Unido, França e Rússia), para dominá-los, assim como suas colônias (na África e Oriente Médio). Dez milhões de jovens foram mortos. OS OPERÁRIOS NÃO SE UNIRAM CONTRA OS CAPITALISTAS como queria Marx. Na Rússia, os marxistas tomaram o poder em 1917, liderados pelo jornalista e bolchevique rico Vladimir Ilyich Ulyanov (Lenin), cuja família gozava de mordomias oferecidas pelos monarcas russos (czaristas). Ditador até 1924, Lenin centralizou o poder, mandou fazer estátuas com sua careca e colocar retratos seus em todo o país, além de matar opositores e prender trabalhadores.
Era o fim da “Belle époque” européia e início do nazismo (nacional socialismo na derrotada Alemanha). Como os operários não se uniram durante a 1ª Guerra, para impor o socialismo/comunismo, começam a pipocar ideias revisionistas, de esquerdismo, de pós-marxismo, onde o poder seria alcançado com ideias marxistas pregadas nas escolas, artes e mídia. Como sempre, houve rachas entre comunistas, leninistas, socialistas, revisionistas, social-democratas etc. Então surgem novos pensadores como o fundador do Partido Comunista Italiano, Antonio Gramsci (1891-1937), que dizia que o poder seria alcançado pelos intelectuais nas escolas. E o alemão Herbert Marcuse (nascido em Berlim, 1898), um dos fundadores da Escola de Frankfurt. O comunista Marcuse foi exilado na Suíça e na França. Acabou como professor em Harvard (EUA), tornando-se o ideólogo do movimento hippie, da “contracultura”… Attachments area