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terça-feira, 23 abril, 2024

Martinelli, de líder estudantil a vice-prefeito

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Vocação política surgiu ainda na adolescência, quando presidiu grêmios estudantis e foi líder comunitário na região Sul da cidade

No início dos anos 2000, um jovem estudante chamava a atenção das lideranças políticas da época. Havia sido eleito presidente do grêmio da Escola Estadual Dr. Rafael Mauro com votação histórica: dos 450 alunos, 350 votaram na sua chapa. No Ensino Médio, presidiu o grêmio da Escola Estadual Professora Joceny Villela Curado, onde 900 dos 1.200 alunos votaram nele. Os recordes de votação, que se tornariam frequentes em sua trajetória, tinham uma explicação: ele lutava por melhorias em sua escola, em seu bairro e, mais tarde, em toda a região Sul da cidade.

Tanto engajamento começou a incomodar. Chegou inclusive a ser expulso da escola como forma de retaliação por ter denunciado o desvio de um computador, uma impressora e um scanner, conquistados pelo colégio em uma gincana e que misteriosamente foram parar na casa da diretora. Em outro episódio, a cortina da sala de aula virou um enorme cartaz exposto no viaduto da Rodovia Anhanguera. “Escola abandonada, Governo do Estado não faz nada”, denunciava em letras garrafais.

Não bastasse o envolvimento nas questões da escola, também trabalhava: de dia coletando sucata com o pai e à noite na pizzaria do Beto – a Sabor de Itália, na vila São Sebastião. Suas andanças pela região Sul da cidade ao lado do pai e sua indignação com as injustiças o tornaram cada vez mais conhecido e bem quisto pelos vizinhos.

De longe, o então prefeito Miguel Haddad e o candidato à sucessão, Ary Fossen, enxergaram em Gustavo Martinelli um futuro líder político. Convidado, filiou-se ao PSDB e disputou a eleição para vereador em 2004. Com quase mil votos, faltou pouco para ser eleito e ficou como suplente.

No ano seguinte foi colocado à frente da administração do Complexo Educacional Cultural e Esportivo Francisco Dal Santo, na Vila Rami, e lá mostrou que estava para trabalhar. Incentivou os grupos de ginástica e criou alguns eventos com o apoio dos educadores, como a Festa da Primavera e a Copa Jundiaí de Futsal – da qual mais de 50 times participaram naquele ano. Conseguiu uma reforma do complexo esportivo, colocando seu gramado entre os melhores do estado.

Em 2008, novamente candidato a vereador, teve seu trabalho reconhecido e conquistou uma cadeira na Câmara – foram mais de três mil votos, tendo sido o mais bem votado do partido. “Foi uma campanha difícil, com pouquíssimos recursos, lembra Martinelli. Gastei muita sola de sapato, cadernos e canetas para anotar o que todos desejavam para a região, que não tinha representante havia anos”.

Com Miguel Haddad na Prefeitura, Martinelli inundou as secretarias com pedidos, muitos atendidos. “O Gustavo pedia mais que todos, conta o então prefeito Miguel Haddad. Mas não pedia nada para ele, e sim para a comunidade de sua região”. Foram muitas as reuniões de bairro para identificar quais eram as prioridades. “Quis ser a ponte entre os moradores e a Prefeitura, ser o porta-voz daquelas pessoas que haviam depositado seu voto e sua confiança em mim”. E assim a prefeitura passou a dar mais atenção à região Sul – foram construídas calçadas, as ruas ganharam novo asfalto, as quadras de todas as escolas da região receberam cobertura. Outra conquista foi a construção de uma grande rotatória sobre o córrego Japi-Guaçu e a recuperação das margens com gabiões, algo que os moradores consideravam prioridade. Junto ao então deputado estadual Ary Fossen, conseguiu verba de R$ 1 milhão para a construção de um complexo esportivo na Vila Comercial.

“Trabalhei em todos os meus mandatos com as portas abertas, atendendo todos que me procuravam, conta Gustavo. Nunca prometi o que não poderia cumprir, e sempre levei em conta o desejo da maioria. Desde que fui eleito pela primeira vez, tive consciência da responsabilidade que me foi colocada nos ombros, pois minha região há muito tempo não tinha representante junto ao Poder Público”.

Em 2012, Martinelli foi reeleito. E de forma a não deixar dúvidas – foi o mais votado dentre os 409 candidatos, com 5.118 votos. Era também uma das maiores votações da história da cidade. Mas o prefeito eleito era de um partido à esquerda, e Gustavo tornou-se oposição. “Ser oposição foi um desafio, diz ele. Mas uma oposição que construísse e não apenas criticasse. Uma oposição sem ofensas políticas ou pessoais, sempre visando o bem estar da população”.

Em 2016, Martinelli foi novamente reeleito. Dessa vez com 7.217 votos, até então a maior votação na história de Jundiaí. Ao tomar posse no ano seguinte, foi eleito presidente da Câmara. Sob sua gestão, o Legislativo fez um movimento para aproximar-se da sociedade – com o Parlamento Jovem, o Legisla Cidadão e a Consulta Pública. Também como presidente da Câmara, apoiou efetivamente o Grendacc no credenciamento de sua UTI pediátrica junto ao Ministério da Saúde – foi até Brasília, com recursos próprios, para entregar nas mãos do presidente da República a moção de apelo. Uma prioridade da presidência de Martinelli foi a gestão responsável dos recursos públicos – apertou os cintos e devolveu mais de R$ 21 milhões aos cofres da Prefeitura.

Em 2018, candidatou-se a deputado estadual. Com poucos recursos e enfrentando concorrentes com maior poder econômico, conseguiu quase 48 mil votos – conquistados graças ao histórico de trabalho sério em seus três mandatos como vereador.

Em março de 2020, já filiado ao DEM, não mais ao PSDB, foi convidado por Luiz Fernando Machado, prefeito e candidato à reeleição, para compor sua chapa como vice. Depois da inquestionável vitória, com 70% dos votos válidos, Martinelli agora se prepara para seu novo papel à frente da cidade: o de vice-prefeito. “Assumo esse desafio com o compromisso de manter minha postura sempre atuante e de continuar sendo a voz da população dentro do governo”, garante.

Algumas polêmicas marcaram seu trabalho

Como vereador, Gustavo Martinelli nunca escolheu a cor partidária quando precisou fazer críticas. Um de seus posicionamentos marcantes foi com o então secretário de Transportes, Roberto Scaringella, a quem Martinelli acusava de não atender seus pedidos e sequer dar respostas a eles. Na época, afirmou ter enviado mais de 200 ofícios ao secretário e não ter recebido retorno algum.

Sobre o episódio, usou o trocadilho na tribuna da Câmara: “A diferença entre a beringela e o Scaringella é que a beringela você acha na feira, e o Scaringella você não encontra nunca”, referindo-se às constantes ausências do secretário. O problema foi resolvido depois de algumas reuniões, e as solicitações da população atendida, tudo voltou à paz.

“Eu entendo que um secretário é um funcionário do povo e ele precisa atender esse povo. O vereador tem legitimidade, representa o povo, então nada justifica um gestor público ignorar um vereador, seja de situação ou oposição”, explica Gustavo.

Outra polêmica se deu em fevereiro do ano passado. Na tribuna da Câmara, Martinelli afirmou que algumas demandas de sua região estavam engavetadas na Unidade de Serviços Públicos. Ele se referia a supostos direcionamentos que privilegiavam o atendimento das solicitações dos vereadores do mesmo partido que o gestor. Foi outro mal estar, contornado depois de algumas reuniões.

“A fala teve o viés de uma discussão política, ainda que expressada de forma acalorada, característica de um debate do Parlamento. Foi no sentido de cobrar igualdade de tratamento no atendimento das demandas da população apresentadas pelos vereadores, de forma indistinta. Na ocasião eu estava, de fato, cobrando ações da Administração. Não era uma crítica pessoal ao gestor, mas, sim, o reforço de pedidos dos munícipes que eu já havia feito reiteradamente, de maneira formal.”

Família, a base de tudo

Na vida pessoal, Gustavo se esforça para ser um pai presente e um marido companheiro. É casado desde janeiro de 2015 com a cirurgiã-dentista Ellen Camila de Souza Martinelli, sua amiga de infância e namorada durante sete anos. Dessa união nasceram Arthur e Manuella.
Ellen Camila o acompanha quando pode e sempre incentiva seu trabalho. “Dizem que por trás de todo homem bem sucedido há uma grande mulher. Digo de forma diferente – ao lado de um homem bem sucedido sempre há uma grande mulher. Nós caminhamos juntos, trocamos ideias, às vezes opiniões diferentes, mas tudo é resolvido com conversa e consenso”, diz Gustavo.

E é à família que dedica suas conquistas. “Quem me impulsiona e me incentiva a evoluir sempre são minha esposa, meus filhos, meus pais e irmãos, e a família da minha esposa, que me acolheu como um verdadeiro filho”.

O partido, a equipe e os colegas do Legislativo também contribuíram, e muito, nessa trajetória de sucesso. E é pelos jundiaienses que trabalha sem descanso.

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