São Paulo viveu uma tarde turbulenta na terça-feira. O pessoal da Cracolândia resolveu fazer um arrastão pelo centro – roubou motoristas, depredou carros e lojas. Ninguém apareceu para colocar ordem nas ruas. E há motivos para isso – tanto a Polícia Militar quanto a Guarda Metropolitana precisam receber ordem para agir. E essa ordem não chegou.
O prefeito Bruno Covas e o governador João Doria fizeram o que sempre fazem: se omitiram, fizeram de conta que o problema não era com eles. Faltaram ao prefeito e ao governador os necessários culhões para dar uma ordem aos comandos policiais.
O problema é bem maior. A Cracolândia existe não é de hoje. Por lá, a droga (principalmente o crack) é vendida abertamente. Prefeitura e governo do Estado não fazem nada para extirpar esse que talvez seja o maior problema da Capital. São omissos, e Cracolândia, para políticos, são um bom tema de campanha – prometem acabar com ela. Mas só prometem.
Quando aconteceu a rebelião no antigo Carandiru em outubro de 1992, o governador da época, Orestes Quércia, mandou a Polícia Militar invadir a cadeia e acabar com a bagunça. A PM exagerou na dose e deixou para trás 111 mortos, oficialmente. Mas Quércia teve coragem e atitude, coisas que o prefeito Covas e governador Doria não têm.
Não se prega aqui uma invasão à Cracolândia nos mesmos moldes. Mas, a cada arrastão, a bandidagem ganha mais confiança, sabendo que os policiais estão de mãos amarradas. E aí existem outras causas. A imprensa, de modo geral, costuma tratar bandido como excelência, vítima da sociedade. Seguindo nossas leis, é mais fácil um policial ser preso do que um bandido.
A imprensa em geral é tão canalha que trata o sujeito preso em flagrante, no ato do crime, como suspeito. Não é suspeito, é bandido. A Polícia não pode agir com rigor, porque sempre haverá um abelhudo filmando a cena com o celular para depois repassar a alguma emissora de TV ou espalhar o fato em redes sociais. Basta ver os exemplos recentes.
Resumindo: a Capital está uma bagunça, a Cracolândia está lá e lá vai continuar. O prefeito Bruno Covas é um bundão. O governador Doria está mais preocupado em brigar com Bolsonaro do que governar de fato. É outro bundão. Ou seja, paulistas e paulistanos estão nas mãos de dois bundas-moles.
ANSELMO BROMBAL
Jornalista