29.9 C
Jundiaí
quinta-feira, 25 abril, 2024

De novo, cinema vai reviver Cleópatra

spot_img

Atriz Gal Gadot, conhecida por seu papel em Mulher Maravilha, viverá nas telas a rainha mais discutida em todos os tempos, antigos ou modernos

A polêmica existe há muito tempo, e por uma simples razão: O Egito fica na África, e sendo na África é meio difícil de engolir a história que a rainha Cleópatra era branca. No mínimo bem morena. A intérprete mais conhecida de Cleópatra foi Elizabeth Taylor – branca, de olhos cor de violeta. Na época de seu lançamento foi aplaudidíssimo, mas agora se questiona também se Elizabeth Taylor estava mesmo no lugar certo.

O novo filme sobre Cleópatra não tem data pra lançamento e será dirigido por Patty Jenkins, a mesma diretora de Mulher Maravilha. Mas já começou a fazer barulho. O fato de ser dirigido por uma mulher certamente dará outras feições à Cleópatra, e não somente seu poder de sedução. Grupos feministas comemoram o fato, alegando que na realidade Cleópatra tinha astúcia política, inteligência e beleza, e deixou bom legado ao Egito.

Por outro, há protestos. Gal Gadot é branca, e já se discute se vão escurecer a atriz ou vão embranquecer Cleópatra. Esses grupos afirmam que a atriz deveria ser árabe ou africana. Na realidade, Cleópatra era descendente de uma dinastia grega ligada ao rei macedônio Alexandre, o Grande, mas que provavelmente era de etnia mista.

Essa história de colocar atriz africana ou árabe tem outros motivos. Israelenses e egípcios não são bons amigos há muito tempo. Só lembrar que os egípcios escravizaram os israelenses durante muito tempo, e que a liberdade só veio com Moisés. Então, colocar justamente uma atriz israelense como Gal Gadot para o papel de Cleópatra seria quase que uma afronta.

Historicamente, pouco se sabe sobre Cleópatra, a não ser que deu prosperidade a um país falido (governou de 51 a 30 AC) e soube tirar proveito político da sua aproximação com dois generais romanos. Cleópatra nasceu no ano de 69 a.C. no Egito. Seu nome, de origem grega, significa “grande como o pai”. Seu pai, o faraó Ptolomeu 12, pertencia a uma linha de monarcas da dinastia ptolomaica, que teve suas raízes no ano de 332 a.C.. Naquele ano, Alexandre, o Grande, liderou tropas macedônias e gregas numa batalha que libertou os egípcios do domínio dos persas.

Alexandria passou a ser a nova capital do Egito. A cidade se tornou “a capital das palavras helenísticas da palavra grega, onde ficavam os livros de escritores muito importantes do passado. E vemos como a nova cultura grega ali se associa à antiga tradição religiosa egípcia,que já existia havia 3.000 anos”, explica o egiptólogo Christian Greco, do Museu Egípcio de Turim, na Itália. Quando Alexandre, o Grande, morreu em 323 a.C., seu reino foi dividido. É aí que a posição de governante do Egito foi reivindicada por Ptolomeu 1º, filho de um nobre da Macedônia que dá início à dinastia ptolomaica.

A partir dali, o Egito seria governado por seus descendentes até a morte de Cleópatra 7ª, no ano de 30 a.C, mais de 300 anos depois. O Egito se tornaria um dos reinados mais poderosos do mundo, e um dos últimos a serem dominados pelos romanos.
ssa mistura de povos e locais, associada à falta de informações confiáveis sobre a dinastia ptolomaica e Cleópatra, alimenta debates seculares sobre a rainha do Egito. Afinal, ela era norte-africana, grega ou macedônia? Tudo indica que ela era de origem étnica mista.

Segundo pesquisadores do Instituto Arqueológico Austríaco, análises da ossada de uma irmã de Cleópatra apontaram em 2009 que a rainha egípcia era em parte africana.

A conclusão foi tirada após a identificação do esqueleto da irmã mais nova de Cleópatra, a princesa Arsinoe, encontrado em uma tumba de mais de 2.000 anos em Éfeso, na Turquia. As evidências obtidas pelo estudo das dimensões do crânio de Arsinoe indicam que ela tinha algumas características de brancos europeus, antigos egípcios e africanos negros.

A trajetória de Cleópatra no comando do Egito foi repleta de disputas de poder dentro e fora de sua dinastia. A história de sua família, aliás, é repleta de assassinatos e traições. Para alguns pesquisadores, era algo como ser morto ou matar para se consolidar no trono — algo que a própria faria.

A chegada dela ao poder não se deu sem obstáculos. Quando o pai de Cleópatra, Ptolomeu 12, morreu, as mulheres não podiam governar sem ter um homem ao lado. Então, seguindo as tradições, a solução encontrada foi Cleópatra, então com 18 anos, casar-se com seu irmão Ptolomeu 13, de dez anos, para que reinassem juntos. Foi questão de tempo até as disputas surgirem. Anos depois de assumirem o poder, Ptolomeu 13 conspirou contra a irmã para tirá-la do poder, o que a levou a fugir para Síria. Teria início ali uma guerra civil e fratricida pelo comando do Egito.

Roma também vivia uma batalha interna por poder na mesma época, entre Júlio César e Pompeu, e as disputas acabaram se misturando. Praticamente derrotado, Pompeu foi ao Egito em busca do apoio de Ptolomeu 13, mas este fora aconselhado a não se aliar a ele Pompeu e a matá-lo para não se indispor com Júlio César.

A estratégia acabou tendo o efeito inverso. Júlio César ficou furioso ao saber do assassinato do rival. Como consequência, o general romano foi até o Egito e promoveu uma trégua entre Cleópatra e Ptolomeu 13. Ptolomeu 13 não havia desistido de comandar o Egito, e fez nova tentativa de lutar contra o general romano enquanto este ainda estava em Alexandria. Mas cabou derrotado e morto durante a Batalha do Nilo.

Graças a sua aliança com Júlio César e Roma, a posição de Cleópatra no comando do país estava mais sólida. Segundo alguns historiadores, a rainha consolidou sua popularidade no Egito falando e se vestindo como uma egípcia enquanto cumpria suas obrigações oficiais, mas voltava ao grego no ambiente privado. Foi nessa época que ela decidiu ser a encarnação viva da deusa Ísis. Cleópatra e Júlio César acabaram se aproximando amorosamente, e passaram nove meses juntos em Alexandria, época em que ela engravidou do general romano. Cesarião nasceu em 47 a.C, mas nunca foi assumido publicamente pelo pai.

Cleópatra foi com Júlio César para Roma, mas quando este foi assassinado por um grupo de senadores da República, em 44 a.C., ela retornou ao Egito, onde matou seu irmão mais novo, Ptolomeu 14, para governar o país ao lado do filho, Cesarião. Mas a trajetória de Cleópatra não ficaria muito tempo distante de Roma.

A morte de Júlio César desencadeou nova disputa pelo comando do Império Romano. Em especial, entre o general Marco Antônio e o filho adotado de Júlio César, seu sobrinho, Otaviano. Cleópatra, então, formou uma aliança política — e amorosa — com Marco Antônio. Para alguns historiadores, o casal passou a viver uma vida de luxúria e devassidão em Alexandria — que, para alguns, teria sido uma forma de culto ao deus Dionísio. Ao longo desse período, eles tiveram três filhos.

Urbem
Urbemhttps://novodia.digital/urbem
A Editora Urbem faz parte do Grupo Novo Dia e edita livros de diversos assuntos e também a Urbem Magazine, uma revista periódica 100% digital.
PUBLICIDADEspot_img

SUGESTÃO DE PAUTAS

PUBLICIDADEspot_img
PUBLICIDADEspot_img

notícias relacionadas