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quinta-feira, 28 março, 2024

É… o rock não morreu

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2020 está sendo um ano atípico, com as pessoas isoladas e com medo. Mas alguns lançamentos musicais mostram que o rock continua vivo e fazendo sucesso

A trilha sonora de 2020 está no rock. É um ano de perturbações e incertezas. Justamente uma época igual ao surgimento do rock, embora as perturbações e incertezas da época fossem outras. Lançamentos contam com novas bandas e outras veteranas, produzindo rock ora furioso ora sofisticado. Quando alguém afirmou durante a pandemia que o rock morreu estava divulgando outra coisa da moda – uma fake news.

Alguns dos lançamentos de 2020:

Idles, Ultra Mono

Banda furiosa de Bristol (Inglaterra) à qual o The New York Times dedicou uma reportagem recente com este título: “Idles lançam uma revolução pós-punk, e todos estão convidados”. Mas seria tudo isso? Um bate-estaca de guitarras cortantes e vozes iradas. Ou em outras palavras: jovens furiosos com o Brexit, o cinismo político, a sociedade patriarcal e a opressão aos migrantes. A revolução não será mais televisionada: ela toca na conta do Idles no Spotify.

Metallica, S&M2

A banda que conseguiu que um gênero radical (o thrash metal) virasse mainstream. Os shows do Metallica são uma eclética reunião de metaleiros, mauricinhos, punks, adolescentes, avós… Nesta era do imediatismo, recomendar um disco que dura duas horas e meia parece uma temeridade. Mas é recomendado porque esse trabalho com a Sinfônica de San Francisco é delicioso. A primeira parte foi lançada há 20 anos, seguindo a tradição dos grupos de hard rock fundindo-se com orquestras sinfônicas. Agora chega a segunda, cujo resultado não destoa. Pelo contrário: rock e música clássica se entrosam para dar nova vida a clássicos da banda, como Master of Puppets, Enter Sandman e One.

Richard Davies and the Dissidents, Human Traffic

São uns caras com vasta quilometragem no circuito inglês do rock and roll. À frente, Richard Davies. É seu primeiro disco. Human Traffic agradará os aficionados que tiverem na sua discoteca álbuns de Bruce Springsteen, Tom Petty e Johnny Thunders. Rock clássico e histórias de perdedores.

Marilyn Manson, We Are Chaos

Seu melhor disco em uma década, sobretudo por músicas como Paint You with My Love e Half-Way & One Step Forward, ponto de união com T. Rex e o David Bowie dos setenta. Quanto menos lúgubre fica Marilyn Manson, melhor; quantos menos fucks forçados ele uiva, mais legal. Esse músico fica mais interessante quando a música está em primeiro plano, tampando o personagem.

Fontaines D.C., A Hero’s Death

Os escolhidos. A mídia moderna costuma desdenhar do rock, mas a cada certo tempo se lança a apoiar alguma banda guitarreira, desde que ande bem vestida. Os irlandeses do Fontaines D.C., além de terem um closet maneiríssimo, são bons. Esse é seu segundo disco. A vida não está sempre vazia, repetem os irlandeses na música que dá título ao disco.

The Rolling Stones, Goats Head Soup – Live Forest National Arena (Brussels)

Os Rolling Stones com sua formação mais roqueira: o quarteto habitual (Jagger-Richards-Watts-Wyman) com Mick Taylor na guitarra. Isto é anos setenta: rock and roll intimidador. Live Forest National Arena (Brussels) efetivamente é um disco lançado recentemente, porém gravado em 1973. Esse ao vivo é parte do pacote da reedição de luxo de Goats Head Soup, e é um show na íntegra daquela turnê. Aqui estão os Stones que a ala rockista do grupo ama: acelerados, sujos, imperfeitos, sexuais…

The Pretenders, Hate for Sale

O grupo de Chrissie Hynde, como se estivesse em 1979. Os Pretenders são um dos poucos grupos com trajetória tão longa (40 anos) sem fiascos. Têm discos bons e regulares, nenhum ruim. Este está no primeiro grupo. A arrastada voz de Hynde está em forma, e o repertório é rock de garagem, briguento e barulhento. É como se a banda tivesse se reunido em um porão, tomado umas e começado a tocar.

The Overtures, Onceinaworld

Banda banda fundada em 1989, focada em prestar tributo ao rock e pop britânico dos anos sessenta: The Beatles, Small Faces, Rolling Stones, The Kinks… Tocaram em festas com a presença de Paul McCartney e Elton John. Continuam fazendo versões, mas agora editaram um disco com material próprio. Onceinaworld é uma fantástica coletânea de canções com clara influência dos Beatles e guitarras pop dos anos sessenta.

Deep Purple, Whoosh!

Sem Ritchie Blackmore e sem John Lorde. Quando já não se esperava nada desses reis do hard rock, eles vão e gravam Whoosh!. Ao menos Whoosh! não é irrelevante. E isso quer dizer muito para uma banda que já viveu seus anos dourados há muito tempo. Com a voz de Ian Gillan ainda resistindo no estúdio (outra coisa é no palco), o grupo inglês abrange toda sua carreira (rock pesado, sinfonismo, psicodelia) e deixa alguma pérola estranha, mas sugestiva, quase pop pegajoso.

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A Editora Urbem faz parte do Grupo Novo Dia e edita livros de diversos assuntos e também a Urbem Magazine, uma revista periódica 100% digital.
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