A chamada síndrome inflamatória multissistêmica em crianças (MIS-C), também conhecida como síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica, continua surpreendendo médicos e cientistas. Em nova revisão que abrangeu diversas pesquisas envolvendo o tema, pesquisadores da Universidade do Texas concluíram que a doença é uma infecção mais complexa e perigosa.
Dos 662 casos conhecidos em todo o mundo e analisados neste novo estudo, 71% das crianças atingidas tiveram que ser internadas em terapia intensiva. O MIS-C é caracterizado por uma inflamação severa em várias partes do corpo, incluindo coração, pulmões, rins, cérebro e olhos.
Onze crianças que foram acompanhadas pelo estudo morreram e, mesmo que a taxa de mortalidade seja baixa (1,7%), os pesquisadores afirmam que o número ainda é muito maior que o registrado em crianças que morreram vítimas da Covid-19, cerca de 0,09%.
Além disso, existe uma grande preocupação sobre o que o MIS-C pode estar fazendo ao coração dos indivíduos doentes. Aproximadamente 90% das crianças realizaram exames de ecocardiograma (EKG) e mais da metade (54%) apresentaram alterações.
As anomalias identificadas são dilatação dos vasos sanguíneos coronários, fração de ejeção reduzida (menor capacidade do coração de bombear sangue oxigenado aos tecidos do corpo) e, em 10% dos pacientes, um aneurisma de um vaso coronário, que poderia aumentar seu risco de futuras complicações cardíacas.
“As evidências sugerem que as crianças com MIS-C têm uma inflamação imensa e possível lesão dos tecidos do coração, e teremos que seguir monitorando-as de perto para entender quais implicações elas podem ter a longo prazo”, disse o Dr. Moreira.