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sexta-feira, 22 novembro, 2024

Pelo jeito, Bolsonaro não tem jeito

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Muito antes de se tornar presidente da República, Bolsonaro já era conhecido por ter pavio curto e não fugir da discussão. Como presidente, não mudou nada – esté é o fato. O outro fato é que desde que tomou posse é fiscalizado nos mínimos atos e palavras. A isso se junta a guerra que parte da imprensa promove contra seu governo, notadamente o grupo Folha e o grupo Globo. Alguns jornalistas, por convicção ou a mando de seus chefes, costumam provocar Bolsonaro com perguntas indelicadas, desrespeitando qualquer protocolo – afinal, ele é o presidente, quer queiram ou não jornalistas e grupos editoriais.

Num domingo de agosto (23), Bolsonaro voltou ao centro das atenções (de parte do meio jornalístico) por dizer o que pensa. Um jornalista fez perguntas sobre seu amigo Queiroz, sobre seu filho Flávio e sua mulher Michelle. Bolsonaro respondeu que tinha “vontade de encher tua boca com porrada, tá? Seu safado.”  Isso bastou para que parte da imprensa recebesse o fato como outra ameaça à democracia. Democracia e liberdade de imprensa são cláusulas pétreas em nossa Constituição, mas jornalistas mal intencionados são produto de outra coisa. Jornalista não tem direito de se dirigir a um presidente da forma como atualmente se dirige.

Mas a encrenca começou mais cedo. Primeiro, ele se irritou com um repórter que lhe questionou o que deveria ocorrer com seu filho Flávio caso se comprovasse que ele cometeu crimes. “Você tem uma cara de homossexual terrível. Nem por isso eu te acuso de ser homossexual. Se bem que não é crime ser homossexual.”

Na mesma entrevista, Bolsonaro atacou outro repórter que lhe perguntou se ele tinha um comprovante de uma operação de empréstimo que o presidente disse ter feito a Queiroz, ex-assessor de seu filho  Flávio sob investigação. “Porra, rapaz, pergunta para sua mãe o comprovante que ela deu para o seu pai, tá certo? Pelo amor de Deus. Comprovante, querem comprovante de tudo”, afirmou. Era Bolsonaro sendo Bolsonaro.

Bolsonaro já mandou repórteres calarem a boca durante um pronunciamento em frente ao Palácio da Alvorada. Mas os repórteres estavam perguntando aos gritos, sem qualquer educação, e interrompendo a fala do presidente. Na época, o assunto do dia era a troca do superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro. “Uma mentira que a imprensa replica o tempo todo, dizer que meus filhos querem trocar o superintendente”, afirmou, expondo a capa do jornal Folha de S.Paulo com a manchete: “Novo diretor da PF assume e acata pedido de Bolsonaro.” “Que imprensa canalha, a Folha de São Paulo. Canalha é elogio para a Folha de São Paulo”, completou. Em dezembro de 2019, o presidente já havia defendido boicote do governo e de anunciantes ao jornal.

O presidente não esconde sua ira para com a Globo, a ponta-de-lança nos ataques ao seu governo. “É uma canalhice o que vocês fazem, TV Globo. Uma canalhice, fazer uma matéria dessas em um horário nobre, colocando sob suspeição que eu poderia ter participado da execução da Marielle Franco”. Bolsonaro ameaçou não renovar a concessão da Globo em 2022 caso a emissora tenha pendências contábeis. “Não vai ter jeitinho para vocês nem para ninguém.”

Em fevereiro, em frente ao Palácio da Alvorada, Bolsonaro fez comentário sobre uma repórter da Folha. “Ela queria dar o furo”, disse o presidente diante de um grupo de simpatizantes. Após uma pausa, Bolsonaro concluiu: “A qualquer preço contra mim.” Isso porque havia uma insinuação que a repórter prestaria favores sexuais ao presidente em troca de informações.

Algumas semanas antes, o próprio Bolsonaro havia feito gesto de banana a jornalistas que o questionaram sobre uma reforma na biblioteca do Palácio do Planalto, feita para acomodar o gabinete de sua esposa, Michelle Bolsonaro. “A primeira-dama faz um trabalho de graça para o Brasil. Então, em vez de vocês elogiarem, vocês criticam. Tenha paciência”, disse o presidente.

Em abril, Bolsonaro voltou à carga contra a Globo. Em entrevista no Palácio da Alvorada, ele acusou a Globo de deturpar sua fala, quando, em entrevista no dia anterior, o presidente respondeu “E daí?” ao ser indagado sobre o número de mortes por covid-19 no Brasil. Bolsonaro afirmou que não quis relativizar o número de mortes e que só disse “E daí?” após repórteres “insistirem em fazer perguntas idiotas. Essa imprensa lixo chamada Globo. Ou melhor, lixo dá para ser reciclado. Globo nem lixo é, porque não pode ser reciclada”, afirmou.

Assim caminha a receita perfeita. De um lado, os que provocam, e de outro, quem responde. E toda vez que Bolsonaro volta a ser o Bolsonaro raiz, seus simpatizantes deliram. Onde isso vai parar é outra história.

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