O Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP) investiga 28 casos de pacientes que podem ter sido reinfectados pela Covid-19. Destes, 16 são investigados pelo Hospital das Clínicas (HC) em São Paulo e outros 12 pelo HC de Ribeirão Preto, interior paulista.
Segundo o hospital, o que chama a atenção é o período de intervalo entre a primeira infecção e possivelmente a segunda: de dois a quatro meses.
O método mais utilizado para saber se teve a reinfecção pelo coronavírus é fazer o sequenciamento genético do vírus e verificar se há uma diferença no material da primeira para a possível segunda infecção.
Mas isso nem sempre é possível. Por isso os médicos estão examinando o nível de anticorpos do sangue. Eles tendem a cair como em outras viroses. Mas se os anticorpos aumentam, pode significar uma reinfecção.
“Então, encontrar o vírus, ter sintoma característico do vírus, e ter uma resposta de anticorpos, de aumento de anticorpos também é um sinal importante de que possa estar tendo infecção, e isso a gente tem encontrado em alguns casos”, disse Max Igor Lopes, coordenador do laboratório de reinfecção do HC na capital.
“Esses pacientes todos voltaram a ter sintoma e, muitas vezes, bastante sintomas da segunda vez. Por exemplo: alguns da primeira vez uma febre, um mal estar leve, da segunda vez perderam de forma muito intensa o olfato, o paladar, alguns tiveram bastante falta de ar e tem exame radiográfico mostrando infiltrado pulmonar. Então realmente eles ficaram doentes uma segunda vez”, falou Max.
De acordo com os testes, 70% dos possíveis casos suspeitos de reinfecção tiveram sintomas mais fortes da segunda vez.
O coordenador do ambulatório de reinfecção falou ainda que é importante entender o comportamento do vírus. Os testes querem saber futuramente se quem vir a tomar uma possível vacina contra a doença correria o risco de pegá-la novamente.